Um canal de debates sobre universidade pública, politicas educacionais, fatos e acontecimentos na UFPA.
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quarta-feira, 30 de março de 2011
Bomba! Divulgados documentos internos do PSTU
Prestação de contas CACS
Protestos contra Belo Monte na Universidade de Coimbra
terça-feira, 29 de março de 2011
Questão de ordem - e o decoro parlamentar?
José Alencar - varios simbolos?
José Alencar foi um exemplo de quem lutou de todas as formas pra continuar vivendo. Confesso que tinha uma admiração pela capacidade dele de enfrentar a doença com serenidade, ou como disse um comentário bem interessante em algum site, o homem que sorriu pra dor até se cansar e dormir.
Lamento a sua morte como a de qualquer outro ser humano vencido por uma doença que a cada dia parece tirar a força de cada um, e era uma pessoa que caminhava com tranquilidade num terreno pantanoso.
Por outro lado ele representou junto com Lula o que chamamos de conciliação de classe, representando o olho empresarial junto a um governo de frente popular.
Mas o que queria mesmo colocar hoje é que devemos lamentar a morte de José Alencar, de tantos outros Josés, Raimundos, Marias e Clarices da classe trabalhadora, que não tem como vencer a doença do câncer porque a rede pública não oferece oportunidade para tal.
José Alencar foi o símbolo de como o dinheiro pode comprar uma pequena dose de tempo de vida. Se um João Ninguém de qualquer rua do desgosto descobrir que tem câncer, provavelmente não durará 13 anos como o José Alencar, empresário, politico, durou, ou se durar não será a regra.
Fica o meu lamento pelo José Alencar, mas pelos outros Josés, Raimundos, Marias e Clarices.
Almoço do RU
Semana passada fui almoçar no RU do Profissional e 13:30 h não tinha mais senha pra ser distribuída, ou seja, uma hora antes do previsto pra terminar de funcionar.
Hoje fui almoçar e na hora nao tinha mais sequer o bife, tivemos que comer apenas arroz e feijão.
Alô Maneschy, Lobinho e Ortiz, o RU precisa de mais refeições.
segunda-feira, 28 de março de 2011
PDI UFPA - bola perdida da reitoria, dce e adufpa
domingo, 27 de março de 2011
Plano de Educação proposto pelo governo é tímido e precisa ser melhorado, diz professora
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O projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE), proposto pelo governo federal, é tímido e precisa ser melhorado. A avaliação é da professora Dalila Andrade (UFMG), presidente da Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação). Dalila Andrade fez uma palestra na noite da última quarta-feira (23) no Anfiteatro 100 da Reitoria da UFPR, que teve seus dois pisos lotados. Outro grupo acompanhou a discussão via skype (serviço de comunicação via internet), no quarto andar do prédio. "O plano não traz diagnóstico nem mecanismos de controle e monitoramento, não prevê avaliação sistemática", afirmou a professora. "Não podemos aceitar 7% do PIB, perpetuando um modelo[...] 10% é início de conversa se quisermos enfrentar os desafios." O projeto, que tramita na Câmara dos Deputados desde dezembro do ano passado, estabelece 20 metas educacionais que os governos municipais, estaduais e federal deverão cumprir até o fim da década. No caso do percentual de verbas da educação em relação ao PIB, a proposta prevê um aumento de 5% para 7% até 2020. A palestra de Dalila Andrade inaugurou uma série de sete encontros intitulada "EntreLinhas: O Plano Nacional de Educação em discussão", promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), Setor de Educação e Pró-Reitoria de Graduação da UFPR. "Queremos um PNE que faça a diferença, que dê nome aos bois, que cobre responsabilidades", declarou a presidente da Anped. "Se não melhorarmos desde o muro da escola até chegar ao professor, não vai haver qualidade. Enquanto o óbvio não for resolvido, temos que falar dele." Um dos objetivos do seminário, que segue até maio, é produzir emendas ao projeto. "A Conae [Conferência Nacional de Educação, realizada em 2010] teve um relatório de altíssima qualidade, mas o projeto de lei ficou muito restrito em relação ao relatório", avalia Paulo Vinícius da Silva, coordenador do PPGE. "Estamos buscando articulações políticas, queremos influenciar no processo." O próximo encontro do seminário de extensão "EntreLinhas" está marcado para 4 de abril. Sistema Nacional de Educação Em boa parte de sua intervenção, a professora Dalila Andrade falou sobre a necessidade de um sistema nacional de educação. "Estamos fazendo 50 anos da primeira LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação, aprovada em 1961], e durante todo esse tempo vivemos, apesar da LDB, a discussão se temos ou não um sistema", disse. "A Conae representou um momento em que o governo ouviu a sociedade. E o lema da conferência era a constituição de um sistema nacional de educação, que deveria ser a ideia mais forte do PNE. Como persegui-lo?" Para a dirigente da Anped, a proposta de plano protocolada pelo governo não retrata as deliberações da Conae. "Tem coisas que estavam na Conae e não estão na proposta, e vice-versa." Ela se declarou "otimista" com a possibilidade de melhorar o plano durante os debates nos Congresso Nacional, mas criticou a pressa para se aprovar o projeto. "Não podemos permitir que essa pressa comprometa a qualidade do plano, que precisa ser discutido em audiências públicas. Vamos apresentar emendas com base no documento final da Conae." Era FHC e era Lula Segundo Dalila Andrade, o Brasil sofreu na década de 90 um processo de "dessistematização da educação", marcado pela descentralização financeira, administrativa e pedagógica. "A escola passou a funcionar como núcleo da gestão. Se, por um lado, esse processo representou uma maior autonomia local, também representou uma desobrigação dos órgãos centrais, de competências e responsabilidades, num processo contraditório", avalia. "Houve uma certa desregulamentação da educação. O poder central perdeu protagonismo." O governo Lula, sempre na avaliação da presidente da Anped, somente iniciaria um processo de ruptura em relação ao governo FHC, no que se refere à educação, ao final do primeiro mandato. "Houve uma tentativa de resgate do protagonismo perdido nos anos 90, de estabelecer políticas regulares, permanentes, universais, válidas para todo o território nacional." Um exemplo de ruptura da gestão Lula seria a aprovação do piso salarial nacional para o magistério público ("se não houvesse o apoio do Executivo, seria mais uma derrota dos trabalhadores da educação no Congresso"). Outro exemplo apontado é o PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação). "Meio híbrido, [o PDE] faz um agrupamento dos programas temporários, 42 programas sob um mesmo guarda-chuva, tentando dar uma direção única, e preenchendo uma lacuna do PNE anterior." Dalila criticou o PNE 2001-2010, aprovado durante o segundo mandato do ex-presidente FHC. "Aquela luta foi imensa, mas a sociedade civil foi vencida. Algumas conquistas foram vetadas na época pelo então presidente da República, tanto que o PNE anterior não tem feito falta." Desafios Entre os desafios da educação brasileira a professora da UFMG citou a necessidade de se aumentar o nível escolaridade dos brasileiros. "Nossa população é vergonhosamente escolarizada. Só universalizamos o ensino fundamental nos anos 90, 50 anos depois da Argentina, que o fez 1947. É inaceitável que o Brasil tenha os índices que apresenta na educação." Outro desafio é o baixo desempenho dos alunos. "Eles aprendem mal, vão mal nos testes." "Ampliamos a obrigatoriedade do ensino, para a faixa de 4 a 17 anos de idade, maior que muitos países europeus, ampliamos esse direito. O que de nada vale se não pensarmos estratégias relacionadas à organização da escola. Estratégias que passam pelo financiamento." A presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação defendeu ainda a valorização dos professores. Criticou os baixos salários pagos à categoria e a precarização das seleções e contratos de trabalho da área. "Como fazer uma educação de qualidade com professores sem carreira nacional? Temos nas 5,5 mil cidades brasileiras mais de 5,5 mil carreiras diferentes de professores, sabe-se Deus como, se é que essas carreiras existem." |
sábado, 26 de março de 2011
Greve dos Servidores Publicos Federais
sexta-feira, 25 de março de 2011
Entrevista com reitor da UFOPA, Seixas Lourenço
Criada pela Lei nº 12.085, de 5 de novembro de 2009, por desmembramento das unidades da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) tem o objetivo de ministrar ensino superior, desenvolver pesquisa nas diversas áreas do conhecimento e promover a extensão universitária nesta vasta região da Amazônia.
Em plena construção, a Universidade prepara-se para receber, a partir de março, mais 1.200 alunos, a primeira turma selecionada por processo seletivo que adotou integralmente as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), ingressando em estrutura acadêmica inovadora. Em entrevista ao Beira do Rio, o reitor pro tempore da UFOPA, professor José Seixas Lourenço, ex-reitor da UFPA, ex-diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), fala sobre o desafio de implantar a primeira universidade federal no interior da Amazônia.
BR – Como surgiu a proposta de criação da UFOPA?
José Seixas Lourenço: O projeto inicial de implantação da UFOPA, com atuação multicampi e sede em Santarém (PA), foi entregue ao ministro da Educação, Fernando Haddad, por ocasião da solenidade de celebração dos 50 anos da UFPA, em julho de 2007. A proposta recebeu, de imediato, a adesão da comunidade científica nacional. Outro fator que contribuiu para a sua criação foi a disposição do governo federal em expandir a rede de ensino superior e ampliar os investimentos em Ciência e Tecnologia. A criação da UFOPA, com desmembramento da UFPA e da UFRA, atende a esses propósitos e também às demandas de uma região com economia e cultura peculiares.
BR – O que a sociedade pode esperar dessa Universidade? Qual o seu diferencial?
José Seixas Lourenço - O objetivo maior da criação da UFOPA é a construção da cidadania por meio de produção de conhecimento, inovação tecnológica, soluções sociais inovadoras (fomento de ideias) e formação de recursos humanos qualificados, ou seja, quadros profissionais competentes a serviço da sociedade. A UFOPA tem por princípio a relevância social traduzida, por um lado, em formar e pesquisar por meio do engajamento social do trabalho acadêmico. A formação de nível superior, para estar comprometida, de fato, com o desenvolvimento regional, não pode ficar confinada às salas de aula, aos laboratórios, nem aos muros dos campi. O contato orientado do aluno com a realidade circundante é a verdadeira pedagogia, o que tem inspirado o conteúdo curricular dos cursos e das demais atividades acadêmicas da nova universidade.
BR – Quais foram as prioridades do primeiro ano da Universidade?
José Seixas Lourenço – Em primeiro lugar, a criação do Conselho Consultivo da UFOPA, com representantes de diferentes segmentos da sociedade, em respeito ao princípio da gestão democrática do ensino público. Em seguida, a consolidação da nova estrutura acadêmica, que vinha sendo elaborada desde 2008 pela Comissão de Implantação da Universidade, criada pelo MEC e presidida por mim. Alvo de muitas discussões abertas à comunidade, o modelo acadêmico da UFOPA estrutura-se nos princípios da inovação, interdisciplinaridade, flexibilidade curricular e formação em ciclos, visando à educação continuada. Entre as conquistas, está o primeiro processo seletivo, utilizando exclusivamente o ENEM, com 17.585 inscritos. Isto comprova a aceitação do novo modelo acadêmico. Outro ponto fundamental foi a fixação de profissionais qualificados. Com a realização de concursos, triplicamos, em apenas um ano, o efetivo de docentes e de técnicos. A estruturação dos nossos campi em Santarém foi outra prioridade. Conseguimos a incorporação da área da SUDAM ao Campus Tapajós, que agora conta com 16 hectares, e estamos investindo mais de R$ 10 milhões em obras, como a construção de dois grandes prédios que abrigarão laboratórios e salas de aula.
BR – Na década de 80, quando era reitor da UFPA, o senhor deu início ao processo de interiorização da Universidade no Estado, na época, uma experiência inovadora. A criação da UFOPA está ligada a esse processo ou é algo independente?
José Seixas Lourenço - Sim, entendo que a UFOPA está ligada à necessidade de ampliação da oferta de vagas no interior da Amazônia. Em 1985, assumi a Reitoria da UFPA e, já no ano seguinte, demos início ao ousado projeto de interiorização com a criação de oito campi em cidades do interior. Naquela época, não tínhamos apoio federal e fomos muito criticados por diversos setores da Instituição. Os cursos de licenciatura receberam muitos alunos que já atuavam como professores, o que resultou numa significativa melhoria na qualidade da educação. Enfim, considero que a UFOPA é, sem dúvida, o fruto que amadureceu mais rapidamente com o processo de interiorização da UFPA.
BR - Uma das propostas da Universidade é o investimento em pós-graduação. Como estão as perspectivas nesta área para 2011?
José Seixas Lourenço - Consideramos a pós-graduação absolutamente essencial. Em março de 2009, antes da criação oficial da UFOPA, a Universidade já tinha um Mestrado em Recursos Naturais da Amazônia, que, hoje, conta com 30 alunos. Recentemente, a CAPES aprovou o Mestrado em Matemática, que já conta com mais de 300 candidatos inscritos para 15 vagas. A aula inaugural está marcada para o dia 2 de abril próximo. Estimulados pela CAPES, já encaminhamos novas propostas de criação de mestrados nas áreas de Águas e Florestas, além de uma proposta de doutorado interinstitucional em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento. Temos, também, pelo menos cinco cursos de especialização implantados ou em fase de implantação.
BR – Mesmo estando em pleno funcionamento, a UFOPA ainda está em construção. Quais as perspectivas em termos de infraestrutura?
José Seixas Lourenço - Primeiro,completar os investimentos iniciados em 2010, como as construções do prédio que abrigará o Instituto de Ciências da Educação no Campus Rondon, e do Centro de Formação Interdisciplinar, no Campus Tapajós. Estão previstos para 2011 mais de 36 milhões em investimentos, cujas prioridades serão a construção do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) e a Biblioteca Central, ambos no Campus Tapajós.
BR – O que o senhor tem a dizer sobre as críticas que o modelo acadêmico da UFOPA recebe?
José Seixas Lourenço – O novo modelo acadêmico visa atender aos interesses maiores da sociedade e seu futuro, e não aos corporativismos internos ou às receitas ideológicas ultrapassadas. Isto exige muito mais criatividade dos professores, pois se trata de conceber o “novo”, mais que a transposição dos modelos de formação já vigentes, muitas vezes inadequados à realidade social regional. Deveríamos nos inspirar nos versos de Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo. E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos.” Portanto, mudança é travessia e, no contexto da nossa nova universidade, exige, além da ousadia, um percuciente olhar rumo às novas gerações numa perspectiva amazônica.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Plesbicito sobre 10% do PIB pra educação
O líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP) protocolou um pedido de plesbicito nacional sobre a destinação de 10% do PIB pra educação, com cerca de 180 assinaturas de parlamentares, considerando-se a necessidade de um debate que envolva a sociedade de conjunto sobre um tema dessa magnitude, que envolve a elevação de recursos pro desenvolvimento da educação.
O novo PNE -- ninguém sabe, ninguém viu
O público e o privado no novo PNE
Retirado do blog do Luis Araujo (http://rluizaraujo.blogspot.com)
Dizem os mais velhos que não existe batalha mais antiga no mundo que aquela entre o bem e o mal e, certamente na educação, entre fortalecimento do ensino público versus ensino privado.
Gerações de militantes educacionais travaram as batalhas anteriores. Cabe a geração atual também cumprir o seu papel na defesa da escola pública como direito de todos e dever do Estado.
A proposta de repassar recursos públicos para o setor privado é do mesmo tipo que os monstros mitológicos, que sempre ao ser arrancada uma de suas cabeças sempre surpreende os heróis com o aparecimento de mais cabeças. Ter enfrentado Collor de Mello e depois Fernando Henrique Cardoso parecia ter sido suficiente, mas sempre aparecem mais cabeças privatistas e devemos enfrentá-las.
Uma das batalhas que serão travadas se dará no modelo de expansão do ensino profissional em nosso país. E o terreno desta batalha se dará no conteúdo do novo plano nacional de educação.
A Meta 11 do Projeto de Lei n° 8035 de 2010 apresenta a proposição democratizadora de “duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta”. Quem poderá discordar de tão importante proposição. Mas o diabo se esconde nas entrelinhas...
Em nenhum trecho do texto é descrito o perfil do crescimento da educação profissional para o próximo período. E na estratégia 11.6 vem a revelação da ausência desta definição. Vamos reler o texto:
11.6) Expandir a oferta de financiamento estudantil à educação profissional técnica de nível médio oferecidas em instituições privadas de educação superior.
Dados extraídos no censo escolar de 2009 indicam que o ensino médio integrado representava apenas 17% das matrículas do ensino profissional. Por sua vez o ensino profissional representava apenas 12% do total de matrículas do ensino médio. Ou seja, há claramente uma demanda reprimida por expansão do ensino profissional em nosso país. Pois é na educação profissional que encontramos a maior presença do setor privado. Enquanto no ensino médio esta participação chega apenas a 11,7%, no profissional o setor privado abocanha 48,2%.
Hoje a rede federal oferece 14% das matriculas da educação profissional.
Durante os dois mandatos de FHC a estratégia do governo foi frear a demanda por mais ensino profissional na área pública, utilizando para isso o congelamento de vagas na rede federal e a separação entre ensino médio propedêutico e o técnico.
No governo Lula houve uma revisão desta política e o retorno do crescimento da rede federal, especialmente no segundo mandato.
A proposta do novo PNE representa uma opção por acelerar o crescimento do segmento privado. E esta determinação vem acompanhada do anunciado lançamento do Pronatec, que nada mais é do que adaptar a isenção fiscal em troca de vagas realizada no ensino superior via ProUni.
É preciso enfrentar de maneira decidida e sem vacilações esta proposta. Em termos de plano nacional de educação é essencial definir para o ensino profissional e para o ensino médio integrado ao ensino profissionalizante percentuais de expansão tanto para a rede federal quanto para a rede estadual.
A falta desta definição no ensino superior (dispositivo vetado por FHC e que Lula não se esforçou em derrubar) provocou um crescimento do hiato entre público e privado no setor. Há duas décadas o setor privado possuía participação no ensino superior idêntica a que possui hoje no ensino profissional. Hoje abocanha 75% das matrículas.
Algumas emendas apresentadas pela Campanha Nacional Pelo Direito à Educação ajudam neste combate. Transcrevo quatro delas:
Meta:
Meta 11: Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando que a rede pública corresponda em 2015 a 60% e em 2020 a 80% do total de matrículas.
Estratégias:
11.1) Expandir as matrículas de educação profissional técnica de nível médio nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, levando em consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e culturais locais e regionais, bem como a interiorização da educação profissional, garantindo que a rede federal represente em 2015 pelo menos 20% e em 2020 represente 30% do total de matriculas da modalidade.
11.2) Expandir a oferta de educação profissional técnica de nível médio nas redes públicas estaduais de ensino, garantindo que a rede estadual represente em 2015 pelo menos 40% e em 2020 represente 50% do total de matriculas da modalidade.
11.6) Suprimir estratégia
Einstein não seria pesquisador 1A do CNPq
Miguel Nicolelis: “Einstein não seria pesquisador 1A do CNPq”
Miguel Nicolelis é um dos pesquisadores brasileiros de maior prestígio. Em entrevista, Nicolelis falou sobre o impacto da neurociência no futuro da humanidade. Criticou de forma contundente a gestão científica no país, especialmente em São Paulo. Também questionou os critérios – marcadamente políticos – que teriam norteado a escolha do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.
Pioneiro nos estudos sobre interface cérebro-máquina, suas descobertas aparecem na lista das dez tecnologias que devem mudar o mundo, divulgada em 2001 pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês). Em 2009, tornou-se o primeiro brasileiro a merecer uma capa da Science. Na quarta-feira, foi nomeado membro da Pontifícia Academia de Ciências, no Vaticano.O Estado de S. Paulo: Para onde a neurociência deve nos levar nos próximos anos?
Miguel Nicolelis: No curto prazo, penso que as principais aplicações serão na medicina com novos métodos de reabilitação neurológica, para tratar condições como paralisia. No médio, chegarão as aplicações computacionais. Nossa relação com as máquinas será completamente diferente: não usaremos mais teclados, monitores, mouse… o computador convencional deixará de existir. Vamos submergir em sistemas virtuais e nos comunicaremos diretamente com eles. No longo prazo, o corpo deixará de ser o fator limitante da nossa ação no mundo. Nossa mente poderá atuar com máquinas que estão à distância e operar dispositivos de proporções nanométricas ou gigantescas: de uma nave espacial a uma ferramenta que penetra no espaço entre duas células para corrigir um defeito. E, no longuíssimo prazo, a evolução humana vai se acelerar. Nosso cérebro roubará um pouco o controle que os genes têm hoje. Daqui a três meses, publicarei um livro em que comento estes temas.
O Estado de S. Paulo: O que você chama de curto, médio, longo e longuíssimo prazo?
M.N.: Curto prazo são os próximos anos. Médio prazo, nas próximas duas décadas. Longo prazo, no próximo século. Longuíssimo prazo, alguns milhares de anos.
O Estado de S. Paulo: Como andam suas linhas de pesquisa na medicina?
M.N.: Estamos avançando rapidamente no exoesqueleto (um dispositivo que dá sustentação ao corpo de uma pessoa paralisada e é capaz de mover-se obedecendo ao controle da mente). Está sendo desenvolvido na Alemanha. Para o treinamento dos pacientes, construímos salas virtuais onde pessoas paralisadas terão sua atividade cerebral registrada de forma não-invasiva por magneto-encefalógrafos. Vamos ver se elas aprendem a controlar com o pensamento os movimentos de um corpo virtual – um avatar que simula o exoesqueleto. Com uma pessoa tetraplégica será mais fácil, pois é justificável o uso de métodos invasivos como implantar os eletrodos dois milímetros e meio dentro do cérebro. As descobertas vitais já foram feitas. Nosso drama agora é engenharia e conseguir recursos para pagar um projeto que é o equivalente, na neurociência, a uma viagem à Lua.
Outra linha de pesquisa importante em medicina é Parkinson. No ano passado, publicamos um trabalho na Science. Estimulamos com eletricidade a medula espinhal de ratos com Parkinson e conseguimos reverter o congelamento motor característico da doença. Há um milhão de fibras na medula espinhal que sobem para o cérebro. Mandamos uma descarga de alta frequência que chega aos centros motores profundos do cérebro e faz com que eles saiam da sincronia absoluta característica da doença, pois estão todos disparando impulsos nervosos ao mesmo tempo, de um modo semelhante ao que ocorre em uma crise epiléptica. O sinal elétrico tem um efeito caótico que quebra a crise.
Também temos resultados preliminares em macacos obtidos aqui em Natal. Infelizmente, o Hospital Sírio-Libanês não quer continuar a parceria com nosso instituto. Por isso, procuramos outro hospital de grande porte, público ou privado, onde possamos realizar os testes clínicos, talvez já no próximo ano. Gostaria muito de marcar que a tradução dessa pesquisa para a prática clínica aconteceu aqui no Brasil, pois acredito que a Medicina brasileira é a melhor do mundo. Estou propondo uma nova teoria que vai provavelmente acabar com minha carreira (risos). Acredito que não há distinção entre doenças neurológicas e psiquiátricas: todas elas são doenças temporais, relacionadas ao tempo dos neurônios, ou seja, variantes epilépticas. A única doença do cérebro que existe realmente seria uma epilepsia. Já publicamos três trabalhos este ano com modelos de doenças ditas psiquiátricas e, em todas, encontramos uma assinatura temporal que permite classificá-las como distúrbios do tempo, epilépticos. A ideia surgiu quando vi os registros eletrofisiológicos de ratos com Parkinson e eles lembraram muito os registros de uma crise epiléptica central que conheci quando era estudante.
O Estado de S. Paulo: No médio prazo, ainda precisaremos dos nossos sentidos para dialogar com sistemas computacionais?
M.N.: Em breve, vamos publicar um trabalho descrevendo o envio do sinal de uma máquina diretamente ao tecido neural de um animal, sem mediação dos sentidos: na prática, criamos um sexto sentido. Vai ser uma novidade explosiva, mas não posso dar mais detalhes, pois o artigo ainda não foi publicado. A internet como conhecemos vai desaparecer. Teremos uma verdadeira rede cerebral. A comunicação não será mediada pela linguagem, que deixará de ser o principal canal de comunicação. Para entender isso, basta pensar que toda linguagem é um comportamento motor – como mexer o braço. Esse comportamento motor também poderá ser decodificado e transmitido. Grandes empresas – como Google, Intel, Microsoft – já tem suas divisões de interface cérebro-máquina.
O Estado de S. Paulo: Quais as implicações antropológicas e sociológicas no longo prazo?
M.N.: Talvez o primeiro impacto será descobrir que somos todos muito parecidos: as pretensas diferenças entre grupos de seres humanos vão se reduzir pois todos perceberão que somos iguais. Costumo dizer que será a verdadeira libertação da mente do corpo, porque será ela quem determinará nosso alcance e potencial de ação na natureza. O corpo permanecerá para manter a mente viva, mas não precisará atuar fisicamente. Nossa mente cria as ferramentas e as absorve como extensão do nosso corpo. Agora, a mente vai controlar diretamente as ferramentas. O que definimos como ser mudará drasticamente no próximo século.
O Estado de S. Paulo: De que modo a evolução poderá ser influenciada pelo cérebro?
M.N.: O processo de seleção natural vai agir de uma forma muito mais rápida. Em um mundo onde as pessoas terão de atuar com a atenção dividida entre múltiplas ferramentas, os atributos evolucionais necessários para sobreviver mudam. A mente que consegue controlar vários processos de forma eficaz tem uma vantagem evolucional sobre as outras. Há uma base genética para essa facilidade. À medida que gente com essa vantagem se reproduz mais que os outros, ocorre seleção. Várias pessoas – como os biólogos evolucionistas Richard Dawkins e Stephen Jay Gould – previram que o cérebro passaria a ter um papel mais fundamental na evolução. Mas creio que estamos acelerando este papel. Os neandertais acordaram um dia e encontraram o Homo sapiens jogando bola na esquina da casa deles. Um dia, um sujeito pode acordar e se dar conta de que ele já não pertence mais à espécie dos pais. Mas estamos falando de milênios aqui.
O Estado de S. Paulo: Sua abordagem para criar uma interface cérebro-maquina foi listada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) como uma das dez tecnologias que vão mudar o mundo. Como ela surgiu?
M.N.: Nós – eu e o neurocientista John Chapin – elaboramos um experimento para contestar a doutrina neuronal dominante no século 20 – que rendeu vários prêmios Nobel. Esta teoria estabelecia o neurônio como unidade funcional do sistema nervoso. Nós provamos que a unidade funcional é uma população de células. Um neurônio isolado – que sozinho constitui, de fato, uma unidade anatômica e computacional – não consegue reunir informação suficiente para gerar comportamento, principal função do cérebro. No fim da década de 80, tivemos a ideia de ligar um cérebro de rato a um robô para mostrar que mesmo o neurônio mais fenomenal não gera movimento. Mas, quando registrávamos populações de cinquenta neurônios – mesmo escolhendo-os de forma aleatória -, o animal conseguia movimentar o braço mecânico como se fosse o seu próprio. Não esperávamos um impacto tão grande. Construímos o primeiro centro de neuroengenharia do mundo na Universidade Duke. Agora, qualquer oficina de fundo de quintal nos Estados Unidos tem um centro de neuroengenharia. Há uma explosão de iniciativas no mundo inteiro: Japão, Suíça, Brasil…
O Estado de S. Paulo: Quais os principais desafios para aprimorar essa tecnologia?
M.N.: Conseguimos registrar hoje cerca de 600 neurônios. Nos próximos dois anos, vamos chegar a 60 mil graças a uma inovadora tecnologia de eletrodos tridimensionais. De qualquer forma, é um método invasivo, o que restringe seu uso. Ninguém vai inserir eletrodos no cérebro para brincar com jogos na internet. Precisamos descobrir técnicas não-invasivas, mas que tenham a mesma resolução para registrar os neurônios.
O Estado de S. Paulo: O que é “registrar neurônios”?
M.N.: Colocamos eletrodos no cérebro e registramos a atividade elétrica dos neurônios. Se você colocar os dados obtidos pelos eletrodos em uma tela de computador, não vai entender nada. É como olhar um programa binário de computador. Há uma mensagem codificada ali, mas com um código que está mudando continuamente, pois o cérebro é um sistema auto-adaptativo: cada vez que você faz alguma coisa, ele muda. Precisávamos descobrir um modo de extrair a informação motora dessas salvas de eletricidade que são, na realidade, padrões espaço-temporais que variam com o tempo. De início, parecia ruído… em boa medida, porque é mesmo ruído Poisson, como costumamos chamar. Mas percebemos que, com métodos de regressão linear, conseguíamos obter a informação. A partir daí, deixamos o próprio cérebro atuar como nosso computador: ele resolvia o sistema de equações lineares e encontrava um equilíbrio ótimo que aproveitávamos para estabelecer a interface.
O Estado de S. Paulo: O que você acha da política científica brasileira?
M.N.: Está ultrapassada. Principalmente, a gestão científica. Foi por isso que eu escrevi o Manifesto da Ciência Tropical (PS do Viomundo: publicado primeiro aqui mesmo, neste espaço). O mais importante nós temos: o talento humano. Mas ele é rapidamente sufocado por normas absurdas dentro das universidades. Não podemos mais fazer pesquisa de forma amadora. Devemos ter uma carreira para pesquisadores em tempo integral e oferecer um suporte administrativo profissional aos cientistas.
Visitei um dos melhores institutos de física do país, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e o pessoal não tem suporte nenhum. Se um americano do Instituto de Física da Universidade Duke visitar os pesquisadores brasileiros, não vai acreditar. Eles tomam conta do auditório, fazem os cheques e compram as coisas, porque não é permitido ter gestores científicos com formação específica para este trabalho. Nós preferimos tirar cientistas que despontaram da academia. Aqui no Brasil há a cultura de que, subindo na carreira científica, o último passo de glória é virar um administrador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) ou da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). É uma tragédia. Esses caras não tem formação para administrar nada. Nem a casa deles. Não temos quadros de gestores. A gente gasta muito dinheiro e presta muita atenção em besteira e não investe naquilo que é fundamental.
O Estado de S. Paulo: Qual é a diferença nos mecanismos de financiamento e gestão científica nos EUA e no Brasil?
M.N.: O investimento privado e público americano – sem contar os gastos do Pentágono que, em parte, são sigilosos – é equiparável: cerca de US$ 250 bilhões anuais cada um (o equivalente a R$ 425 bilhões). Eles também enfrentam o problema de que as empresas privadas não costumam investir em pesquisa pura, meio de cultura de onde saem as ideias aplicadas. Contudo, o governo não investe só em universidades. Ele também coloca dinheiro em empresas e em institutos de pesquisa privados. Este é o segredo.
No Brasil, a grande maioria dos mecanismos públicos de financiamento está voltado para universidades públicas. Sendo assim, você não contrata cientistas e técnicos para um projeto, pois depende dos quadros da universidade. Mas esses quadros estão dando 300 horas de aula por semestre. Não dá para competir com um chinês que está em Berkeley pesquisando o dia inteiro e recebendo milhões de dólares para contratar quem ele quiser. Como fazer ciência sem gente?
Na realidade, os americanos não contam com pessoas mais capazes lá. O que eles têm de diferente é um número muito maior de pesquisadores, processos eficientes, gestão científica profissional – a melhor jamais inventada – e dinheiro. Nos Estados Unidos, sou visto como um pequeno empreendedor. Recebo dinheiro do governo americano e uma parcela menor de investimento privado. Tenho assim uma “padaria” que faz ciência: posso contratar o padeiro, o faxineiro e a atendente de acordo com as necessidades do projeto. Esse empreendedorismo não é permitido pelas leis brasileiras. As mesmas regras que regem o gasto de quaisquer dez mil réis que um cientista ganha do governo federal servem para controlar licitações de centenas de milhões de reais para a construção de estradas, hidrelétricas…
Achar que um cientista vai desviar dinheiro para fazer fortuna pessoal é absurdo. O processo de financiamento deve ser mais aberto, com mecanismos simples de auditoria. Além disso, deveria ser mais fácil importar insumos e, com o tempo, precisaríamos atrair empresas para produzi-los aqui. É um absurdo ver anticorpos apodrecerem no aeroporto de Guarulhos por causa da burocracia. Alguém no topo da pirâmide – o presidente da República ou o ministro da Ciência e Tecnologia – precisa dizer: “Chega. Acabou a brincadeira.”
É um desperdício gigantesco de talento e de dinheiro. A China está recuperando pesquisadores que emigraram para os EUA oferecendo condições de trabalho ainda melhores que as americanas. Milhares de brasileiros voltariam ao Brasil se tivessem melhores condições para trabalhar. Mas o sujeito vem para uma universidade federal e é obrigado a dar 300 horas de aula por semestre. Perdemos o talento. Além disso, ele conquista a estabilidade de forma quase automática. Que motivação vai ter para crescer? Há talentos, mas os processos são medievais. E o cientista brasileiro tem muito receito de bater de frente com as autoridades para reivindicar o que ele realmente precisa.
O Estado de S. Paulo: Quanto o Brasil deveria investir em ciência?
M.N.: O Brasil precisa investir de 4% a 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em ciência e tecnologia para encarar a China, a Índia, a Rússia, os Estados Unidos, a Coreia do Sul… esses são os jogadores com quem devemos nos equiparar. É o mesmo porcentual que já investimos em educação. É essencial realizar os dois investimentos: por um lado, para formar gente e iniciar a revolução educacional que o país precisa; por outro, para usar o potencial intelectual dessas pessoas na produção de algo para o país. Atualmente, investimos 1,3% do PIB. No Japão, é quase 4%. Isso explica muita coisa.
O Estado de S. Paulo: Você afirmou diversas vezes que a ciência precisa ser democratizada no país.
M.N.: Sem dúvida. É uma atividade extremamente elitizada. Não temos a penetração popular adequada nas universidades. Quantos doutores são índios ou negros? A ciência deve ir ao encontro da sociedade brasileira. Essa foi uma das razões que me motivaram a escrever o manifesto. Até bem pouco tempo, a ciência era uma atividade da aristocracia brasileira. Há 30 ou 40 anos só a classe mais alta tinha acesso à universidade. Não precisavam de financiamento porque tinham dinheiro próprio.
Hoje, nós precisamos de cientista que joga futebol na praia de Boa Viagem. Precisamos do moleque que está na escola pública. As crianças precisam ter acesso à educação científica, à iniciação científica. O que também implica uma democratização na distribuição de oportunidades e recursos em todo o país. Estamos trabalhando com 21 crianças da periferia de Natal. Elas nem mesmo entraram no ensino médio e já estão sendo incorporadas às linhas de produção de ciência do nosso instituto. Quatro participaram de um projeto piloto em que aprenderam a usar ressonância nuclear magnética de bancada para medir o volume de óleo nas sementes do pinhão-manso do semi-árido nordestino. E classificaram as diferentes sementes de acordo com a quantidade de óleo. Duvido que exista algum técnico na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) melhor do que essas crianças.
Não precisamos mais de caciques. Precisamos de índios. Devemos investir na massificação dos talentos. Esses moleques vão decidir o que vai ser a nossa ciência. Se chega um jovem muito talentoso que quer investigar besouro, devemos responder: “Está bom, filho. Vai pesquisar besouro.” Eu não investiria em tópicos, em áreas específicas. Eu investiria primordialmente em gente. Porque se você investir em pessoas talentosas, elas encontrarão nichos em que o Brasil terá benefícios tremendos. Nós temos uma das maiores olimpíadas de matemática do mundo, o que comprova que nosso talento matemático é enorme. Mas não dá frutos porque faltam caminhos, oportunidades, veículos…
Acreditamos que devemos escolher o melhor menino. Mas e os outros cem mil que quase ganharam? Precisam de incentivo para continuar. Por isso, eu proponho o bolsa-ciência. É um bolsa-família para garoto que tem talento científico. Não precisa ser gênio. Estou fazendo isso com esses 21 meninos. Os quatro garotos do pinhão-manso recebem mais dinheiro do que o pai e a mãe: uma bolsa de R$ 520 paga por doadores privados. Precisamos investir no caos que é o sistema nervoso. Desta forma, encontraremos caminhos imprevistos, surpresas agradáveis.
O Estado de S. Paulo: Como avaliar mérito na academia?
M.N.: Nós publicamos mais do que a Suíça. Mas o impacto da ciência suíça é muito maior. Basta ver o número de prêmios Nobel lá. E eles têm apenas cinco milhões de habitantes. Na academia brasileira, as recompensas dependem do que eu chamo de “índice gravitacional de publicação”: quanto mais pesado o currículo, melhor. Ou seja, o cientista precisa colecionar o maior número de publicações – sem importar tanto seu conteúdo. Não pode ser assim. O mérito tem de ser julgado pelo impacto nacional ou internacional de uma pesquisa. Não podemos dizer: quem publica mais, leva o bolo. Porque aí o sujeito começa a publicar em qualquer revista. Não é difícil. A publicação científica é um negócio como qualquer outro. Mesmo se você considerar as revistas de maior impacto. Também não adianta criar e usar um índice numérico de citações (que mede o número de citações dos artigos de um determinado cientista).
Talento não está no número de citações: é imponderável. Meu departamento na Universidade Duke nunca pediu meu índice de citação. Também nunca calculei. Quando saí do Brasil, achei que estava deixando um mundo de lordes da ciência. Fui perguntando nome por nome lá fora. Ninguém conhecia. Ninguém sabia quem era. Criamos uma bolha provinciana que deve ser estourada agora se o Brasil quer dar um salto quântico. Mas as pessoas têm receio de falar com medo de perder o financiamento. Há outras formas de medir o impacto científico: ver o que cara está fazendo e consultar a opinião de pessoas que importam no mundo, dos líderes de cada área. Sob este ponto de vista, o impacto da ciência brasileira é muito baixo. E precisamos dizer isso sem medo. Não dá para esconder o sol com a peneira.
Quando decidem criar um Instituto Nacional (de Ciência e Tecnologia), em vez de dividir o dinheiro entre 30 ou 40 pesquisadores promissores, preferem pulverizar o dinheiro entre 120 cientistas, muitos deles com propostas que não vão chegar a lugar nenhum. Cada um recebe um R$ 1 milhão, uma quantia considerável na opinião de muita gente mas que não paga nem a conta de luz de um projeto bem feito. Não podemos ter receio de selecionar os melhores. Você precisa escolher os bons jogadores, não os pernas-de-pau. Outra coisa: só o Brasil ainda admite cientista por concurso público. Cientista tem de ser admitido por mérito, por julgamento de pares, por entrevista, por compromisso, por plano de trabalho.
O Estado de S. Paulo: Como você se vê na Academia?
M.N.: Sou um pária. Não tenho o menor receio de falar isso. Sou tolerado. Ninguém chega para mim de frente e fala qualquer coisa. Mas, nos bastidores, é inacreditável a sabotagem de que fomos vítimas aqui em Natal nos últimos oito anos. Mas sobrevivemos. O Brasil é uma obsessão para mim. Há muita gente que não faz e não quer que ninguém faça, pois o status quo está bem. Tenho excelentes amigos na academia do país, respeito profundamente a ciência brasileira. Sou cria de um dos fundadores da neurociência no Brasil, o professor César Timo-Iaria, e neto científico de um prêmio Nobel argentino – Bernardo Alberto Houssay.
Por isso, foi uma triste surpresa os anticorpos que senti quando eu voltei. Algumas pessoas ficaram ofendidas porque não fiz o beija-mão pedindo permissão para fazer ciência na periferia de Natal. Este ano, na avaliação dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), tivemos um dos melhores pareceres técnicos da área de biomedicina. E o nosso orçamento foi misteriosamente cortado em 75%. Pedi R$ 7 milhões. Recebemos R$ 1,5 milhão.
Operamos com um sexto do nosso orçamento. As pessoas têm medo de abrir a boca, porque você é engolido pelos pares. Então, eu fico imaginando um pesquisador que volta para o Brasil depois de estudar lá fora. De qualquer forma, o pessoal precisa entender que voltar para o Brasil é assumir um tipo especial de compromisso. Não é ir para Harvard, Yale… Você deve estar disposto a dar seu quinhão para o país porque ele ainda está em construção. Nem tudo vai funcionar como a gente quer. Vejo muita gente egoísta voltando para o Brasil. Os jovens precisam olhar menos para o umbigo e mais para a sociedade.
O Estado de S. Paulo: Qual é o futuro dos jovens pesquisadores no país?
M.N.: Atualmente, eles têm uma dificuldade tremenda de conseguir dinheiro porque não são pesquisadores 1A do CNPq. Você precisa ser um cardeal da academia para conseguir dinheiro e sobressair. Com um físico da UFPE, cheguei à conclusão de que Albert Einstein não seria pesquisador 1A do CNPq, porque ele não preenche todos os pré-requisitos – número de orientandos de mestrado, de doutorado…
Se Einstein não poderia estar no topo, há algo errado. Minha esperança é que o futuro ministro ataque isso de frente pois, até agora, ninguém teve coragem de bater de frente com o establishment da ciência brasileira. Ninguém teve coragem de chegar lá e dizer: “Chega! Não é assim! A ciência não está devolvendo ao povo brasileiro o investimento do povo na ciência”. Os cientistas brilhantes jovens não têm acesso às benesses que os grandes cardeais – pesquisadores 1A do CNPq – têm, muitos deles sem ter feito muita coisa que valha.
Além disso, veja a situação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT, que assessora o presidente da República nas decisões relacionadas à política científica). O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – agora, um grande matemático – me perdoe, mas ele não deveria ter cadeira cativa nesse conselho. O Brasil deveria ter um conselho de gente que está fazendo ciência mundo afora. E não pessoas que ocupam cargos burocráticos em associações de classe. Deveria ser gente com impacto no mundo. E pessoas jovens com a cabeça aberta. Mas as pessoas têm muita dificuldade de quebrar esses rituais.
Para entender a que me refiro, basta participar de reuniões científicas e acompanhar a composição de uma mesa. Não há nada semelhante em lugar nenhum do mundo: perder três minutos anunciando autoridades e nomeando quem está na mesa. É coisa de cartório português da Idade Média. Cientista é um cidadão comum. Ele não tem de fazer toda essa firula para apresentar o que está fazendo. É um desperdício de energia, uma pompa completamente desnecessária. Muitas vezes, os pesquisadores jovens não podem abrir a boca diante dos cientistas mais velhos. Eu ouço isso em todo o Brasil.
No meu departamento nos Estados Unidos, sou professor titular há quase doze anos. Minha voz não vale mais que a de qualquer outro que acabou de chegar. Qualquer um pode me interpelar a qualquer momento. Qualquer um pode reclamar de qualquer coisa. Qualquer um pode fazer qualquer pergunta. E ninguém me chama de professor Nicolelis. Meu nome lá é Miguel. Por quê? Porque o cientista é algo comum na sociedade. O meu estado (a Carolina do Norte) possui uma das maiores densidades de PhD na população dos EUA. Se você se comportar como um pavão lá, vai se dar mal. Todo mundo tem pelo menos um PhD.
Aqui, precisamos colocar a molecada da periferia de Natal, de Rio Branco e de Macapá na ABC, por mérito. Às vezes, parece que existe uma igreja chamada Ciência no país. Se você não é um membro certificado, ela é impenetrável. Minhas críticas não são pessoais. Quero que o Brasil seja uma potência científica para o bem da humanidade. As pessoas precisam ver que a juventude científica brasileira está de mãos atadas. Precisamos libertar este povo. Já estou no terço final da minha carreira científica. O que me resta é ajudar essa molecada a fazer o melhor.
O Estado de S. Paulo: Você tem uma opinião bastante crítica sobre a política científica no país. Mas, na eleição, manifestou apoio publicamente à Dilma. Por quê?
M.N.: Porque a outra opção era trágica. Basta olhar para o Estado de São Paulo: para a educação, a saúde e as universidades públicas. Não preciso falar mais nada. Eu adoro a USP, onde me formei. Mas a liderança que temos hoje na USP é terrível. O reitor da USP (João Grandino Rodas) é uma pessoa de pouca visão. Não chega nem perto da tradição das pessoas que passaram por aquele lugar. São Paulo acabou de perder um investimento de 150 milhões de francos suíços (cerca de R$ 270 milhões) porque o reitor da USP não tinha tempo para receber a delegação de mais alto nível já enviada pelo governo suíço ao Brasil. Mandaram o pró-reitor de pesquisa da universidade (Marco Antônio Zago) fazer uma apresentação para eles. Ninguém agradeceu a visita. Manifestei oficialmente ao professor Zago minha indignação como ex-aluno da USP.
Um dos integrantes da delegação suíça doou um super-computador de US$ 20 milhões de dólares (cerca de R$ 34 milhões) para nosso instituto em Natal. Chegou na semana passada e será um dos mais velozes do Brasil. Não pagamos um centavo. Não há mais espaço para provincianismo na ciência mundial. Nas reuniões que eu presenciei com comitês e comissões de outros países, a tônica da Fapesp sempre foi assim: “Fora de São Paulo não existe ciência que valha a pena investir”. Esse tipo de coisa é muito mal visto pelos estrangeiros. Não há mais lugar para regionalismo, preconceito… É ótimo para São Paulo ser responsável por 70% da produção científica do país, mas é muito ruim para o país, que precisa democratizar o acesso à ciência. Não adianta dizer em reuniões com emissários internacionais que São Paulo tem uma “relação amistosa” com o Brasil, este outro país fora das fronteiras do Estado. Este bairrismo não ajuda em nada.
A Fapesp é uma jóia, um ícone nacional, reconhecida no mundo inteiro. Mas isso não quer dizer que as últimas administrações foram boas. Temos de ser críticos. Esta última administração, em especial, foi muito ruim. A Fapesp está perdendo importância. Veja só: a Science (no artigo publicado há algumas semanas sobre a ciência no Brasil) não dedicou uma linha à Fapesp. Que surpresas você vê saindo da ciência de São Paulo? Acho que a matéria da Science foi uma boa chamada para acordar, para sair dos louros, descer do salto alto e ver o que podemos fazer com os R$ 500 milhões anuais da Fapesp. Ah, se eu tivesse um orçamento assim! Temos muito menos e posso dizer para o diretor-científico da Fapesp (Carlos Henrique de Brito Cruz) que nós saímos na Science. E ele tem condição de investir nos melhores centros de pesquisa do país.
O Estado de S. Paulo: Como você avalia o governo Lula?
M.N.: Apoiei e apoio incondicionalmente o presidente Lula porque vivemos hoje o melhor momento da história do país. A proposta global de inclusão do governo Lula – e espero que será a mesma com a Dilma – é aquela que eu acredito. Contudo, os detalhes devem ser corrigidos. Admiro profundamente o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Tivemos grandes avanços como a criação dos INCTs e dos fundos setoriais. Mas o ministro não enfrentou a estrutura.
Talvez não pudesse… por não ter condições práticas ou por fazer parte dela, por ter crescido nela. Em oito anos, nunca fui chamado para dar uma opinião no MCT ou para apresentar os resultados do projeto de Natal. Sei que outros cientistas, melhores do que eu, também não foram chamados. É curioso. Mas fui chamado pelo Ministério da Educação. O ministro (Fernando Haddad) é o melhor já tivemos na história da República. Ele criou a infraestrutura que será lembrada daqui a 50 anos como a reviravolta da educação brasileira. Com o Haddad eu consigo conversar e nossa parceria está dando resultados.
O Estado de S. Paulo: O que você achou da escolha de Aloizio Mercadante para o MCT?
M.N.: Estou curioso para saber qual é o currículo dele para gestão científica. Fiquei surpreso com a indicação, mas não o conheço. Não tenho a mínima ideia do seu grau de competência. Mas não fica bem para a ciência brasileira – um ministério tão importante – virar prêmio de consolação para quem perdeu a eleição. Não é uma boa mensagem. Mas talvez seja bom que o futuro ministro não seja um cientista de bancada, alguém ligado à comunidade científica. Assim, se ele tiver determinação política, poderá quebrar os vícios.
O primeiro ministro da Ciência e Tecnologia (Renato Archer, que permaneceu no cargo de 1985 a 1987) não era cientista e foi talvez um dos melhores gestores que já tivemos. Ele tinha consciência de que seu ministério era estratégico. O MCT estabelece parcerias e tem impacto na ação de outros ministérios: Educação, Saúde, Indústria e Comércio, Relações Exteriores, Agricultura, Meio Ambiente… Hoje, boa parte do orçamento do ministério não é nem executado. As agências de financiamento não têm uma rotina de chamadas. Não podemos continuar como está.
Eleições CA's
quarta-feira, 23 de março de 2011
Vitória da corrupção no Supremo
Ensino infantil, fundamental e profissional sao prioridades do MEC
O ensino profissional já eram mais ou menos previsível, mas sob um vies estritamente privatista, com o PRONATEC, o Prouni do ensino médio.
A pergunta que não quer calar: se o corte orçamentario no MEC foi o terceiro maior nos orçamentos dos ministérios, considerando-se o total de 50 bilhões de cortes, e se a educação básica e profissional são as prioridades do MEC, quem vai pagar o ajuste vão ser as universidades?E as verbas do Reuni, que desde 2009 já eram bem escassas considerando-se somente as próprias metas de expansão?
É greve
terça-feira, 22 de março de 2011
Eleição DCE UEPA
segunda-feira, 21 de março de 2011
Contrasenso
Finanças do CACS
Declaração do PSTU sobre a prisao de militantes
OBAMA NO BRASIL: Declaração pública do PSTU sobre a repressão no ato do Rio
Comunicado à imprensa sobre a repressão no ato do Rio
Diante do protesto desta sexta-feira, contra a visita de Obama e a violenta repressão policial, o PSTU vem a público declarar que:
1 – O ato pacífico foi organizado pela CSP-Conlutas, pela Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre - ANEL e por diversos sindicatos.
2 – O protesto faz parte de uma jornada nacional, que inclui atos em outras cidades e tem como objetivo denunciar a visita de Obama, a entrega do petróleo, os acordos de livre comércio com o governo brasileiro. Também pretende apoiar a revolução árabe e denunciar os ataques do imperialismo aos povos do mundo, como no Iraque, e que agora se repete na Líbia.
3- O PSTU apoiou o protesto e participou ativamente de sua organização. Durante a semana, o partido tem realizado várias ações contra a visita de Obama, com milhares de cartazes e até faixas em um avião que circula pelos céus do Rio de Janeiro.
4 – Desde as 16h, horário marcado para a concentração, os policiais demonstravam que não tolerariam o protesto. Chegaram a impedir a entrada de um carro de som na Candelária e não queriam deixar que a caminhada seguisse pela Av. Rio Branco.
5 – Apenas depois de uma longa negociação, de quase duas horas, a passeata pôde deixar a Candelária. No momento, já somavam 400 pessoas, inclusive muitas crianças. A passeata foi aplaudida ao longo da Av. Rio Branco, demonstrando que o apoio à visita não é unâmime.
6 – O acordo com o comando policial previa que a passeata seguiria até o Consulado dos EUA, onde seria feito apenas um ato simbólico, seguindo até a Cinelândia. O objetivo era ocupar a praça, símbolo de resistência à ditadura militar, e que Obama tentou usar agora como palco para seu discurso.
7 – Em frente ao Consulado, o ato iniciou com discursos, palavras de ordem. Simbolicamente, sapatos foram atirados contra uma bandeira dos Estados Unidos, repetindo um gesto comum nas revoltas árabes.
8 – No momento em que estavam reunidos em um grande círculo, os manifestantes e os jornalistas escutaram uma explosão ao fundo e foram surpreendidos com o avanço da polícia, que atacou com cassetetes, atirou com balas de borracha e lançou bombas de gás e depois perseguiu os manifestantes pelas ruas vizinhas. As cenas desse momento foram gravadas por manifestantes e estão em nosso site.
9 – Dezenas de pessoas ficaram feridas e entre 12 e 15 manifestantes foram presos. Entre eles, um estudante, menor de idade. Até as 22h, ninguém havia sido solto.
10 – A polícia declarou que coqueteis molotov foram jogados contra os policiais, atingindo um segurança do Consulado. Sobre isso, declaramos que nem o PSTU e tampouco qualquer uma das entidades que organizaram o ato concordam ou apoiam atitudes como essa no ato, convocado como uma manifestação totalmente pacífica.
11 – Este espírito pacífico era compartilhado pelos manifestantes. Entendemos que transformar a passeata em uma batalha apenas favoreceria o imperialismo, evitando que se discuta as verdadeiras intenções da visita. Neste sentido, desconhecemos os autores do ataque e queremos vir a público declarar nossa desconfiança de que provocadores tenham se infiltrado no ato, com esse objetivo.
12 – Os artefatos lançados não justificam a reação completamente desproporcional da polícia do governador Sérgio Cabral, que agiu atacando e prendendo a esmo. A selvageria se seguiu por várias horas, com policiais perseguindo manifestantes pelas ruas próximas a Cinelândia, revistando e prendendo sem provas.
13 – A ação policial derruba por terra qualquer respeito à liberdade e os direitos humanos e indica uma criminalização dos protestos, ao melhor estilo dos Estados Unidos. Um exemplo foi dado na delegacia, quando policiais exibiram suas “apreensões”: uma garrafa de cerveja que teria sido usada como parte de um coquetel molotov e um soco inglês. Para que a imprensa fotografasse, foi colocada uma bandeira e um cartaz do PSTU, atribuindo responsabilidade sobre os ataques. Desde quando uma bandeira, um símbolo de um partido político pode ser apresentado como algo criminoso?
14 – Exigimos uma investigação e uma resposta do governador Sergio Cabral e de seus secretários de Segurança e de Direitos Humanos sobre os fatos desta sexta-feira. Imediatamente, exigimos a libertação de todos os presos, principalmente o menor de idade, que, pela lei, não poderia estar em uma delegacia policial.
15 – Por último, o PSTU afirma que não deixará de protestar contra os Estados Unidos por conta dos ataques da polícia de Sergio Cabral. Continuaremos nas ruas, e nosso próximo ato será no domingo, às 10h, no Largo do Machado. Convocamos todos a participarem deste ato, e transformar esse dia em um grande repúdio à violência de hoje e a criminalização dos que lutam.
domingo, 20 de março de 2011
Kassab lanca o novo partido
Com petistas e 'herdeiro' de ACM, Kassab lança partido em Salvador
Dois dias após pedir a desfiliação do DEM, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, foi a Salvador neste domingo (20) para lançar oficialmente o seu novo partido.
Na Bahia, o PSD (Partido Social Democrático) se aproxima da base do governo Dilma Rousseff e já recebeu até o apoio do governador Jaques Wagner (PT).
Em evento realizado em Salvador, Kassab reuniu cerca de 600 pessoas, entre elas 70 prefeitos. Ele recebeu o apoio de petistas, como o senador Walter Pinheiro (PT), mas a maioria dos presentes era integrantes insatisfeitos de partidos como DEM, PP e PMDB.
Na Bahia, o principal aliado de Kassab é o vice-governador, Otto Alencar (PP).
O vice espera atrair cem prefeitos, oito deputados estaduais e cinco deputados federais, entre eles Paulo Magalhães (DEM), sobrinho de Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007. Magalhães compareceu ao evento.
Para Alencar, o partido pertencerá à base de Wagner e deve apoiar o governo Dilma.
Salvador foi escolhida para o lançamento do PSD para indicar que o partido, que deve ser formalizado até julho, terá um caráter nacional. A sigla terá representação em dez Estados.
O objetivo do evento era coletar assinaturas para a abertura do processo de criação do partido. Haverá um ato semelhante nesta segunda-feira (21), na Assembleia de São Paulo.
Em entrevista, Kassab evitou situar a nova legenda entre a oposição e a base do governo Dilma Rousseff no Congresso e afirmou que o PSD nasce "independente".
Ele negou a articulação para sua candidatura ao governo paulista. "Sou candidato a ser um bom prefeito de São Paulo", afirmou.
Em entrevista, citou ainda como possíveis integrantes do novo partido o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (DEM), e os senadores Sérgio Petecão (PMN-AC) e Kátia Abreu (DEM-TO).
Em seu discurso, Kassab disse que o nome PSD foi escolhido porque o partido será desenvolvimentista como o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que era membro de uma legenda com o mesmo nome.
Fonte: www.uol.com.br
Debate sobre a situação internacional com Alberto Teixeira
O mestrado em Ciência Politica (PPGCP) promovera uma mesa redonda chamada " Turbulências na África e Oriente Médio: cenários e consequências", com moderação de Alberto Teixeira, e debatedores Felix Prieto, da UNAMA, José Alves Júnior, da Faculdade de Historia e Roberto Correa, do PPGCP.
Será nesta quarta-feira, 23 de março de 2011, as 18 horas, no Auditório Setorial Básico I, com inscricoes gratuitas no Laboratório do PPGCP, no segundo andar do IFCH, ao lado do Laboratório de Informática.