Um canal de debates sobre universidade pública, politicas educacionais, fatos e acontecimentos na UFPA.
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domingo, 2 de outubro de 2011
Romper o Imobilismo na UFPA
Sobre a mobilização do RU
sábado, 24 de setembro de 2011
Vaia no Resturante Universitario
Campanha pelo reajuste de bolsas para pós-graduação
Pós-graduandos fazem Twittaço e mobilizam universidades por reajuste de bolsas
A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) organiza uma semana concentrada de campanha pela valorização das bolsas de pesquisa que teve início na segunda (19) e vai até essa sexta-feira (23). O foco é o reajuste das bolsas de mestrado e doutorado, que estão com os valores congelados há mais de 3 anos, embora as pautas por financiamento para educação e ciência e tecnologia também façam parte do debate. Além de ações nas universidades, a entidade promove uma diversificada campanha virtual, com Twittaço da hashtag #reajustedebolsasja marcado para esta quinta-feira (22).
A campanha foi decidida durante o 38º Conselho Nacional de Associações de Pós-Graduandos (Conap), que reuniu APGs de todo o país no mês de agosto em Recife (PE). Uma semana após o Conap, em 31 de agosto, a ANPG participou da Marcha dos Estudantes, que levou mais de 10 mil pessoas às ruas de Brasília, e a presidente da entidade, Elisangela Lizardo, teve a oportunidade de entregar um documento com a pauta do reajuste das bolsas à presidente Dilma Rousseff.
Momento propício
Segundo Elisangela, o contexto do país exige o fortalecimento do seu sistema ciência e tecnologia e também do educacional: “o Brasil vive um momento propício para impulsionar um crescimento que garanta justiça social e aproveite as possibilidades do país de forma sustentável. Temos o desafio de construir dois grandes eventos esportivos mundiais e descobrimos uma riqueza natural imensa, o pré-sal, que deve ser utilizada para o desenvolvimento do país com a participação de todo o seu povo neste processo. Mais do que nunca, a educação e a pesquisa científica devem ser entendidas como instrumentos essenciais para o melhor aproveitamento desta janela histórica de possibilidades e desafios que vive o país". É neste contexto que a ANPG pauta a valorização das bolsas de pesquisa, completa a doutoranda, que defende, ainda, a garantia de 10% do PIB para a Educação e de vinculação de verbas do Pré-Sal para Educação e Ciência e Tecnologia.
Instalação de um contador de dias sem reajuste, mural de apoiadores da campanha, vídeo-depoimentos, passagem em sala com distribuição de panfletos, reuniões de pós-graduandos para discutir o assunto.... no país inteiro o movimento se organiza para divulgar a campanha e ganhar adesão. Até em universidades onde há debate sobre greve, como é o caso da UFAC, a APG se mobiliza e procura realizar atividades em parceria com os servidores.
As primeiras atividades foram uma festa-protesto da APG PUC-Rio, um debate na Unifesp e um ato irreverente organizado pelas APGs da Unicamp, onde foram recolhidas moedinhas cuja destinação é uma doação simbólica ao governo federal para garantir o orçamento necessário para o reajuste. Os materiais da campanha estão afixados nessas e em outras universidades por todo o país.
Pelas ruas e pela rede
Além das ações nas universidades, os pós-graduandos promovem uma campanha virtual por toda a semana, sendo um destaque o Twittaço marcado para esta quinta-feira (22), com a hashtag #reajustedebolsasja. As mensagens divulgam o abaixo-assinado da campanha, as ações nas universidades, além de informações com o objetivo de sensibilizar a sociedade para a pauta. Um exemplo é a informação de que a inflação acumulada desde o último reajuste é de 17,56%. Outra mensagem ressalta que, segundo o IBGE, profissionais que concluíram graduação ganham, em média, 7,8 salários mínimos (R$ 3.642), enquanto os pós-graduandos são pesquisadores que recebem uma bolsa de R$ 1.200,00 para se dedicar ao mestrado e R$ 1.800 para o doutorado (valores Capes e CNPq).
Para que as metas do Plano Nacional de Pós-Graduação 2005-2010 fossem cumpridas, o valor atual da bolsa de mestrado deveria ser R$ 1.672,16 e a de doutorado R$ 2.479,78. Isso significa um reajuste de quase 40% dos valores atuais, conforme a ANPG pauta no abaixo-assinado da campanha.
Vídeo-depoimento
Outro instrumento que a campanha pretende utilizar é o recurso audiovisual. A proposta é que cada apoiador da campanha – pós-graduando ou não – grave um vídeo curto com o seu depoimento. Pode ser via webcam, câmera do celular, da máquina fotográfica, ou qualquer equipamento que cumpra o papel. A orientação é que o vídeo termine sempre com a frase "Reajuste de Bolsas Já!". Os vídeos devem ser enviados para o e-mailreajustedebolsasja@gmail.com e também para o perfil da ANPG do Twitter e o do Facebook, além de todos os contatos de quem o postou, claro.
A campanha virtual pretende ainda chamar a atenção das autoridades do Poder Executivo. Um texto padrão e os endereços de e-mail de autoridades que devem dar resposta sobre uma política de valorização das bolsas estão disponíveis na página da ANPG.
A campanha de bolsas continuará em outubro. O calendário da ANPG prevê a realização de audiências em Brasília para apresentar o resultado da campanha. APGs e pós-graduandos de todo o país devem participar da entrega do abaixo-assinado e relatório das mobilizações, que têm o objetivo de pressionar o governo pelo reajuste pautado.
Comissão no Senado retira a educação superior da responsabilidade do MEC
Projeto de lei transfere atribuição para Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Sobre a mobilização do RU
Greve dos Professores
Sobre a inauguração da nova sala do DCE
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
UFPA e o fator subjetivo
Festa da UJS
O novo circular e a piada de salão
O novo ônibus circular da UFPA virou uma piada de salão. Pra inglês ver.
Ônibus com ar-condicionado, musica ambiente e poltrona acolchoada, pena que demora 40 minutos pra passar e encerra as 19 horas. Portanto, os alunos da noite não tem direito a este novo brinquedo.
A historia seria cômica, se não fosse trágica.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Lula considera irresponsabilidade proposta de 10% do PIB pra educacao
Audiência com reitor sobre as filas do RU
Aniversario da UJS na Capela Universitaria
UFF e Bolsonaro
sábado, 30 de julho de 2011
Mobilização no sorteio da Copa
Mobilidade Urbana
Burocratização desnecessária na FCS
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Divisao do Para ameaca Unidades de Conservacao
"Posso dizer que a divisão deverá ser muito impactante do ponto de vista ambiental", diz o diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas. Ele enxerga um grande problema: a quebra das unidades de conservação (UCs) estaduais.
terça-feira, 26 de julho de 2011
ENEG
O outro lado
Pânico mundial pela dívida dos EUA
Socialist Core (EE.UU.)
A dívida nacional norte-americana alcançou os 14 bilhões de dólares em meio a custosas guerras e a pior crise econômica desde os anos 30, destacando a crise do capitalismo e do imperialismo por causa de revoluções populares no mundo árabe.
Os gastos militares e o resgate financeiro (bailout) para os bancos que fizeram a administração Obama, em 2008, aumentaram a dívida pública. Para não elevar o limite da dívida antes de 2 de agosto, se corre o risco de perder seu índice de AAA ranting (índice de rendição) emitidas pelas agências de qualificação de crédito (como a Moody’s e a Standard and Poor’s). Essas agências de risco são responsabilizadas por terem provocado a crise de 2008, ao não advertir o governo acerca dos problemas com as hipotecas.
Os capitalistas estão em pé de guerra com a possibilidade que isto ocorra
Por outro lado, muitos estados estão sendo afetados pelo déficit orçamentário e diminuindo suas funções. Por exemplo, as agências governamentais do estado de Minnesota deixaram de operar por duas semanas, afetando os salários de 22 mil funcionários públicos. Os democratas e os republicanos resolveram a crise com mais cortes na educação.
As negociações expõem as divisões dentro do Partido Republicano entre um setor conservador moderado, disposto a pactuar com Obama e outro mais reacionário, a extrema direita de Tea Party, financiada pela indústria farmacêutica, que se opõe fortemente a ceder terreno a Obama.
Este setor moderado, liderado pelo senador Mitch McConnel, propõe o chamado “Plano B”, o qual outorgaria poderes a Obama para elevar de forma unilateral o limite da dívida em 2,4 bilhões de dólares e incluiria grandes cortes no orçamento, salvando de apuros os republicanos que não precisariam votar no plano.
A imagem dos democratas seria afetada tendo em vista as eleições presidências de 2012. Obama está dando um novo giro à direita. Propõe aumentar a idade do Medicare (serviço de saúde para pessoas da terceira idade) de 65 para 67 anos. O Medicare é uma das vacas sagradas dos democratas. Foi uma conquista da classe trabalhadora durante a Grande Depressão.
Em muitos estados, os trabalhadores enfrentam as políticas antipopulares do governo. Não há um movimento nacional que unifique as lutas (a raiz da debilidade do movimento operário) e enfrente os efeitos da recessão. Além disso, a burocracia sindical desarticula as lutas e pactua com a patronal e o governo.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Prestação de contas na UEPA
Pai e Filho
Oswaldo Braga Outro dia, fui alcançado por um comercial de TV em que o jogador Neymar passeia por uma praia paradisíaca e faz uma declaração de amor e reconhecimento a um outro homem: seu pai. A direção e o texto do anúncio são primorosos. O jogador aparenta naturalidade, e a troca de afeto entre os dois expõe a perpetuação de uma intimidade física que remonta à infância e que permanece entre os dois adultos. Pai e filho. Amigos.* Alguns dias depois, fui atingido por outra cena, desta vez, jornalística. Dois homens vítimas de agressões homofóbicas. Em São João da Boa Vista, a 225 km de São Paulo, durante uma exposição agropecuária, pai e filho foram barbaramente agredidos por sete trogloditas que não entenderam as manifestações de afeto entre os dois. Os marmanjos julgaram que fosse um casal gay pelo fato de andarem abraçados. Ambos ficaram com o corpo repleto de escoriações, e o pai, que preferiu o anonimato e apareceu somente em silhueta na reportagem, teve parte da orelha decepada por uma mordida.
domingo, 24 de julho de 2011
Separação do Para
sábado, 23 de julho de 2011
Amy e o debate sobre as drogas
Sobre os rankings internacionais das universidades
Avaliar para moldar
Vladimir Safatle 7 de julho de 2011 às 13:09hVivemos a era em que as avaliações educacionais são normalmente vendidas como métodos neutros de descrição, como fotografias de situações claramente objetivas e não problemáticas. Nesse sentido, os que são contra as avaliações só poderiam, na verdade, querer esconder alguma forma de inaptidão ou incompetência. Ao menos, é assim que o debate é normalmente posto quando se discutem as avaliações universitárias.
Talvez fosse o caso de perguntarmos, porém, se uma boa parte da resistência de setores universitários a certos regimes de avaliação não viria da compreensão de que avaliar é, muitas vezes, uma maneira mais silenciosa de impor um modelo. Quando se trata da vida universitária, avaliações que se dizem neutras são, muitas vezes, maneiras de privilegiar certos tipos de pesquisa, desqualificar outros, decidir sobre como as universidades devem se desenvolver e decidir seus critérios de relevância.
Um exemplo privilegiado desse passe de mágica são os chamados rankings internacionais de avaliação universitária. Por meio de tais rankings, vende-se a possibilidade de sabermos quais seriam as melhores universidades do mundo, quais seriam os verdadeiros centros de excelência. Eles são, muitas vezes, usados por administrações universitárias e por instâncias governamentais para justificar o destino ou o corte de verbas, assim como para justificar intervenções na estrutura acadêmica.
Atualmente, certos universitários perceberam algo de errado nesses rankings. Não escapou a eles a incrível dispersão de seus resultados. De um ranking a outro a posição das universidades muda radicalmente. Prova maior da ausência de um conjunto claro e realmente estabelecido de critérios e métodos. Só para ficar em um exemplo referente a dois dos sistemas de avaliação mais utilizados na atualidade. No ranking elaborado pela Universidade de Xangai, a Universidade de Paris VI aparece em 39º lugar. Já naquele feito pela Times Higher Education, a mesma universidade está na 140ª posição.
Tal dispersão de resultados não poderia ser diferente, pois estes e outros sistemas de avaliação não nasceram, como era de se esperar, de um debate amplo, constante e sempre reversível entre os vários campos de pesquisa que compõem a vida universitária. Eles não foram o resultado de discussões, mais do que necessárias, entre várias universidades no mundo que procurariam expor as características de suas tradições de pesquisa. Um dos rankings mais usados afirma que consultou 13 mil pesquisadores de vários países. Mas seu viés já é, de entrada, parcial. Não se trata de pesquisadores de todas as áreas e subáreas, mas profissionais que vêm, muitas vezes, de campos que não são vistos como tais por certas tradições universitárias, como criminologia ou relações internacionais. Isso sem contar a incrível predominância de pesquisadores de certas áreas em detrimento do equilíbrio geral.
Em larga medida, tais problemas são de origem, pois tais rankings foram sintetizados por áreas específicas de pesquisa (ciências exatas e biológicas) em universidades anglo-saxãs e, em um segundo momento, tentou-se impô-los, com alguns ajustes, para outras áreas e outros países. Não por acaso, nações com forte tradição universitária e capacidade de influência, como França e Alemanha, estão normalmente mal posicionadas em tais rankings-. Isso explica também por que boa parte deles avalia medalhas (como a medalha Fields) e prêmios que só existem em certas áreas- das ciências exatas e biológicas. Uma avaliação minimamente séria deveria levar em conta critérios de distinção em todas as áreas ou não considerar -nenhum, sob pena de dar mais importância a certas áreas em detrimento de outras.
Quem mais sofreu com isso foram as chamadas ciências humanas. Não porque as ciências humanas (como história, filosofia, pedagogia, geografia, teoria literária, sociologia, antropologia, psicologia, economia, estudos de mídia e outras) seriam “menos científicas” do que a física ou a biologia ou “menos importantes” (dificilmente alguém discutiria a importância de questões próprias às ciências humanas como o declínio da autoridade paterna e seu impacto na estrutura familiar, a participação de grupos empresariais no financiamento do aparato de tortura da ditadura brasileira, a influência da publicidade no desenvolvimento infantil, a natureza do sofrimento psíquico e suas formas de intervenção, o sentimento de lassidão em relação à democracia parlamentar, a formação do nosso sistema literário, a natureza da violência urbana e a constituição da moderna noção de racionalidade, entre tantos outros). Na verdade, elas têm uma dinâmica de pesquisa e impacto que merece ser compreendido em sua especificidade.
Há um exemplo paradigmático nesse sentido. Normalmente, tais rankings se propõem a avaliar a produção acadêmica a partir do total de artigos publicados em revistas indexadas ou a partir dos índices de citações a artigos e autores. Mas o que um índice de citações retrata? Poderíamos dizer que um artigo é mais citado, circula mais, devido- à sua qualidade. Isto é, porém, simplesmente falso. O maior número de -citações indica- que o artigo foi lido por mais pessoas e conseguiu inserir-se em uma das redes hegemônicas de pesquisa- em determinado momento.
Lembremos aqui de duas variáveis que interferem diretamente nessa circulação. A primeira refere-se à intervenção de forças econômicas na pesquisa acadêmica. Por exemplo, atualmente, as pesquisas em psicologia precisam conviver com a forte presença do interesse de grupos econômicos ligados à indústria farmacêutica, pois tal indústria sabe dos lucros milionários que novas gerações de antidepressivos e ansiolíticos podem produzir. Por isso, pesquisas que validem os resultados de seus medicamentos, naturalmente, entram em um circuito internacional de circulação e financiamento estimulado por forças não exatamente acadêmicas.
Mesmo que a intervenção econômica não seja sob a forma de financiamento direto, a situação cria uma dissimetria perigosa, em que jovens pesquisadores terão a tendência a não pesquisar seriamente os limites de uma prática farmacológica que procura se vender como incontestável. Eles não querem o peso de lutar contra redes hegemônicas de pesquisa, independentemente do fato do que elas realmente representam.
Não é difícil perceber, por outro lado, que outra variável importante para determinar a circulação de um artigo é a língua. Um artigo em inglês sempre circulará mais que outro escrito em uma língua “exótica” como o português, mesmo se o primeiro for pior que o segundo. Claro que alguém pode perguntar: então, por que não escrevemos todos nossos artigos em inglês? Podemos fazer como os holandeses, os finlandeses e outros, que resolveram esse problema sem muita confusão.
Mas vejam que interessante. Se os nossos pesquisadores publicassem suas produções basicamente em revistas acadêmicas e em inglês, a universidade ficaria, de uma vez por todas, de costas para a sociedade. Nossa produção nem sequer seria escrita- na língua de nossa sociedade, nessa língua em que a nossa opinião pública constitui seus debates e sua esfera de reflexão. Assim, a universidade realizaria, de vez, seu divórcio, dialogando apenas dentro de seus muros. Muros esses que se repetiriam em cada país de língua não inglesa.
A ideia de um conhecimento com forte capacidade de intervenção social foi algo que o Brasil conseguiu efetivar. Intelectuais como Celso Furtado, Sérgio Buarque de Hollanda, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes foram homens públicos capazes de influenciar fortemente a opinião pública porque escreviam na língua de seu povo e procuravam expor suas ideias não apenas por meio de revistas acadêmicas, mas de livros comprados em qualquer boa livraria e artigos de divulgação encontrados em qualquer boa revista semanal ou jornal. Deveríamos nos mirar em seus exemplos e procurar formar mais intelectuais com tais habilidades, em vez de desqualificar sistematicamente as condições que permitiram tais trabalhos florescerem.
Boa parte dos rankings internacionais nem sequer avalia livros, com sua força natural para romper os muros da academia. Ou seja, se você publicou um livro em uma editora renomada como a Cambridge University Press, depois de anos de pesquisa, isso, inacreditavelmente, não será levado em conta. Mesmo aqueles rankings que avaliam livros avaliam mal, dando peso reduzido a eles em comparação a um artigo acadêmico. Nada justifica tal aberração, já que boas editoras têm comitês de leitura de alto nível, como qualquer revista acadêmica. A única justificativa é: trata-se de impor uma concepção de universidade, na qual a capacidade de intervenção na vida social não é mais importante. Mas a questão é: a quem interessa uma universidade assim? Por que deveríamos nos pautar por esse modelo?
Por fim, outro ponto que classicamente aparece nesses rankings é a “internacionalização”, ponto no qual as universidades brasileiras normalmente vão mal. Mas, por mais que tal questão seja de fato relevante, há distorções profundas na maneira que ela é posta. Primeiro, devemos ter clareza de que as universidades brasileiras nunca terão a porcentagem de alunos de graduação estrangeiros que encontramos em certas universidades europeias (a USP, por exemplo, tem 2%, enquanto encontramos universidades britânicas com 30%). Pois tais universidades precisam desses alunos para sobreviver, elas simplesmente não têm alunos suficientes em seus próprios países.
Isso está longe de ser o caso de países de grande população e extensão continental, como o Brasil. Temos um déficit enorme de pessoas sem curso superior em nosso próprio território. Seria um equívoco brutal deixar de focar tal questão como prioridade. Teremos níveis maiores de internacionalização na graduação e na pós-graduação. Isso é bom e louvável. Assim como é bom avaliar a mobilidade internacional de pesquisadores e professores, a circulação internacional de alunos de doutorado e pós-doutorado. Mas nunca teremos uma mobilidade em nível europeu e nunca teremos a atratividade de países que podem compor todo o curso de graduação em inglês (porque precisam fazer isso simplesmente para sobreviver). Mas a questão é: não precisamos disso. Difícil é explicar por que uma questão tão ligada à característica do funcionamento universitário de cada país tem tanto peso nos processos de avaliação.