Visualizações de página do mês passado

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sobre a gestao do CA de Ciencias Sociais

Ontem ocorreu a assembleia geral dos estudantes de Ciências Sociais, para deliberar sobre a eleição pra próxima gestão do Centro Academico de Ciências Sociais, o CACS velho de guerra, a entidade estudantil.

Ano passado a chapa "Quem sabe faz a hora" elegeu-se com quase 70% dos votos pra gerir o CACS. Pra iniciarmos o processo de tiragem de uma comissão eleitoral eu sugeri que fizéssemos um balanço da gestão. Antes, é preciso dizer que a conformação da gestão foi majoritariamente dos companheiros da ANEL e do PSTU. O companheiro Walter iniciou o balanço falando da UNE, governo Lula, guerra no Haiti, descenso nas lutas do movimento estudantil, entre outros argumentos.

É importante sempre fazer a analise de conjuntura, da relação do global com o local. É um principio dos marxistas não fazer analises isoladas, porque tendem a não tomar sentindo fora do contexto mais amplo. Mas também algumas coisas não são tão dependentes da conjuntura nacional.
No inicio do ano houve a tradicional calourada, que na verdade serve pro primeiro contato entre a vanguarda do movimento estudantil, os velhos caciques estudantis, na apresentação de propostas, tentativas de convencimento politico. As calouradas são fundamentais pra apresentar os problemas do curso, a precarização da educação superior, expressa , entre outros, na expansão sem qualidade do ensino superior, mas também as calouradas servem pra recrutar novos companheiros pra nossas velhas politicas. Ou não é bem assim?

Vou pontuar alguns itens. A gestão anterior "Agora falando sério" (2009) deixou o estatuto do centro academico quase pronto, faltando poucos itens para sua conclusão. O que a atual gestão fez? É uma pergunta sem resposta, mas que nenhuma conjuntura negativa do movimento estudantil a impediria de ser feito.

Um outro ponto, intrigante, foi a eleição da Faculdade de Ciências Sociais no 1º semestre. Ocupamos a Faculdade contra uma eleição que apontava varias irregularidades, como a falta de quorum mínimo, a elabora do regimento ser candidata, o questionamento da lisura do processo, que culminou na ocupação. Mas tudo isso poderia ser evitado, se o CA ao tomar conhecimento do regimento tivesse chamado uma assembleia estudantil, debatido com os estudantes o problema e organizado a mobilização. Pelo contrario, o CA assinou o regimento, e nem sequer trouxe pra reunião do CA o debate, o que demonstra o aparelhismo e a burocratização que caracteriza o PSTU, e na sequência a nova entidade que foi criada, a ANEL. Ou por que dois diretores do CA assinaram o regimento com falhas?

Outro ponto que questiono se refere às audiências publicas. O Centro Academico e a ANEL viviam dizendo que era preciso reunir com o reitor, que e a autoridade máxima da UFPA, a pessoa que poderia resolver o problema, ou a quem deveríamos exigir soluções imediatas e de longo prazo. Mas marcando um reunião sobre o Projeto Politico Pedagogico - PPP, falta de salas de aula, o próprio CA nao apareceu. Em consequencia da falta de um PPP o curso perdeu varias bolsas de monitoria que foram ofertadas pela Pro-Reitoria de Ensino de Graduação. Quem pagou a conta pela má gestão? Os estudantes. Pensem em quantos alunos poderiam ganhar bolsas, se manter com mais tranquilidade na universidade. Desta vez parece que o vilão é justamente a entidade que deveria ser a vanguarda na defesa estudantil.

Outro ponto importante se refere à falta de atividades academicas. Como que em um ano com pouca movimentação politica, como o próprio presidente do CA pontua, não foi feita nenhuma atividade academica, a excessao da Semana Academica que se inicia na segunda-feira (10), salvo engano. É preciso que o CA se lembre que estamos em uma Academia.

Um diretor do Centro Academico abandonou o CA pra construir o comitê de campanha do candidato Cleber Rabelo, do PSTU, nas ultimas eleições. Na Assembleia houveram denuncias dde que a cota de xerox do CA foi usada pelo PSTU.

Por esses e vários motivos, a atual gestão vai ficar marcada na historia pelas trapalhadas que cometeu, pelas propostas que não cumpriu e pelo aparelhismo que revelou. Afinal nada será como antes ou não, com a Assembleia Nacional dos Estudantes?

2 comentários:

  1. Pedro, acredito que tu resumistes muito bem a atual gestão do CACS. Os estudantes de Ciências Sociais foram abandonados para dar espaço às lutas políticas particulares desse grupo que atua no CACS hoje.

    Fora o escândalo do estatuto da FCS, que foi assinado pelos coordenadores do CACS mesmo sem levar o debate para os estudantes e hipocritamente foi contestado por eles, ainda temos os diversos dias em que os estudantes de CS chegavam ao CA e as portas estavam trancadas ou eram abertas tarde, a falta de eventos acadêmicos - atividade primordial de um CA -, a falta de balanço financeiro da gestão e muitas outras atribuições do CACS que foram jogadas para escanteio por essa pseu-gestão.

    Por isso, nas próximas eleições, devemos pensar bem em quem vamos delegar a importânte função de dirigir o CACS.

    ResponderExcluir
  2. Bom balanço, de mais uma má gestão, ou gestão ruim. Contudo, o problema raiz ainda é o mesmo de todas as organizações que se dizem de esquerda, ou até (absurdamente) marxistas, que é o de trabalhar fora da realidade local disposta à análise de sua respectiva conjutura (o capital adora), o que resulta num método nada marxista, de muito "esquerdismo", que tem sua constatação mais óbvia no trabalho sem a massa. O que há de mais importante do que as necessidades das massas? Sejam estudantis, trabalhadoras, ambas, etc. Quando não se age de acordo com a real necessidade das pessoas que necessitam de tal necessidade (é pra reforçar mesmo)não vai ver ninguém acusar: "nós chamamos! mas eles não quiseram vir! são um bando de alienados!" ou coisa parecida. Mas, a realidade é dura e cruel, e ela mostra isso na sua cara quando você a ignora, porém, impedido de ver que seu trabalho nada tem a ver com "quem você representa", tende a pensar que as massas que são desinteressadas, mas continua firme e forte com seu protesto, seja lá qual for, com uma dúzia e meia de "afiados ao partido!" e uns poucos desorientados (que estão caindo de para-quedas) com um objetivo nada objetivo que resultam em nenhum resultado. Mas pra isso, nem dando cola vocês acertam hein.

    ResponderExcluir