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sábado, 30 de julho de 2011

Mobilização no sorteio da Copa

Hoje houve evento da Copa do Mundo no Rio de Janeiro, com manifestações dos bombeiros e com protestos contra Ricardo Teixeira, presidente da CBF.

Infelizmente, todos os dias temos denuncias de corrupção, e a Copa do Mundo parece que vai ser a porteira aberta pra todo tipo de corrupção. A farra começou com a liberação das contratações especiais. Os investimentos bilionários que serão feitos deixarão felizes apenas o bolso do bond que a Dilma comanda, o dos empreiteiros.

A imprensao que fica e que a CBF e a FIFA irão nestes próximos anos pairar acida do Estado, com superpoderes que nem a Ditadura Militar teve, com um poder que e mais forte que a própria repressao: o poder do dinheiro, da propina e da corrupção.

Ricardo Teixeira , um ícone forte, do que ha de pior tem termos de relações politicas, perseguição a adversários, entre outros.
Por outro lado, apesar do governo Dilma tentar se afastar da imagem dele, a CBF e o ministério dos esportes, comandado pelo PC do B, estão assim, assim...

E preciso intensificar as lutas dos operários, a mobilização popular, entre outros, porque se aponta que a Copa seja mesmo histórica, e como dizia Lula, nunca na historia desse pais se jorre tanto dinheiro publico pro bolso de empreiteiro...

Mobilidade Urbana

Ultimamente e um absurdo a falta de mobilidade urbana em Belem. A região da rodovia Augusto Montenegro parece que se tornou a meca das construtoras e a cidade cresce pra cá sem planejamento ou organização do poder publico.

Num raio de um quilometro tem um supermercado que conseguiu desorganizar o já desorganizado transito, uma escola de idiomas, um shopping em construção, pelo menos quatro condomínios, cada um com torres imensas, e uma rodovia sem reparos ou com uma boa ciclovia.

Ontem foi divulgado que os trabalhadores em Belem estão gastando cerca de duas a três horas por dia somente no transporte em pequenas distancias. Na Augusto Montenegro a unica rodovia esta da mesma forma a vários anos, apenas com pequenos tapa buracos.

Abriu-se a Avenida Dalcidio Jurandir, depois Avenida Centenário, mas mais conhecida como Independência, que desafogou o transito e leva com uma certa rapidez ate a Julio Cesar e Pedro Alvares Cabral, mas também tem tendencia a saturação. Naquela área que ate pouco tempo era considerada de preservação ambiental, digo isso porque não tenho conhecimento se ainda e, esta sendo construindo mais um shopping - e não se constrói shopping sem especulacao imobiliária por perto.

Ano que vem tem eleição pra prefeito e mais uma vez voltaremos aos debates sobre mobilidade urbana, integração dos transportes, essas coisas. Pena que ate la o colapso urbano ja vai estar bem avançado...

Burocratização desnecessária na FCS

Como e de praxe, vários alunos concluintes de Ciências Sociais irao fazer a selecao de pos graduacao e outras universidades pelo Brasil.

O procedimento padrao sempre foi que os alunos concluintes solicitam uma declaracao de provaveis concluintes e se inscrevem nos programas de pos graduacao. Este ano a colega Sammy estava de passagens compradas pra fazer a selecao no Museu Nacional e teve negada a declaracao de provavel concluinte, justamente porque a diretora da Faculdade de Ciencias Sociais na UFPA alega que nao pode dar um documento se responsabilizando por uma conclusao que ela nem sabe se vai acontecer.

Ora, trata-se de uma declaração de provável conclusão, não de integralização. Ou seja, podemos deixar de defender o TCC e ai não formarmos. E uma possibilidade.

Trata-se de uma burocratização desnecessária na FCS. Fomos procurar a Pro-Reitoria de Ensino através de um recurso, e obtivemos parecer favoravel para que tenhamos a declaração. Essas pequenas coisas demonstram que falta dialogo na Faculdade de Ciências Sociais com essas pequenas coisas. Se falta nas pequenas, imaginem nas grandes coisas. Fora isso, e meio desgastante pras duas partes (alunos e diretora da faculdade), porque temos que sair da Faculdade, procurar Pro-Reitoria, lavar roupa suja fora da Faculdade, entre outros. Poderíamos resolver esse problema ali mesmo na FCS, sem explanar as coisas pra Universidade toda.

Mas...Acontece aquilo que sempre falei os autocratas, no alto da sua completa razão, acabam eles mesmos dando razao pros outros...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Divisao do Para ameaca Unidades de Conservacao

Para especialistas, novos Estados podem revogar preservação de áreas; Tapajós já nasceria com 73% de terras protegidas

Karina Ninni*

Os 7,5 milhões de habitantes do Pará vão decidir em plebiscito, no dia 11 de dezembro, se querem ou não a divisão do território do Estado em três. Se for aprovado, o fracionamento dará origem a duas unidades da federação: Tapajós e Carajás. O impacto econômico da divisão para a União tem sido estudado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp). Mas poucos se debruçaram sobre o efeito ambiental do fracionamento (veja mapa abaixo).


"Posso dizer que a divisão deverá ser muito impactante do ponto de vista ambiental", diz o diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas. Ele enxerga um grande problema: a quebra das unidades de conservação (UCs) estaduais.

"O que se desenha é o seguinte: um Estado recém-criado que precisa se desenvolver e imensas áreas preservadas por UCs em nível estadual – só que protegidas por um Estado que já não existe. E como vai se desenvolver o novo Estado? É provável que pela derrubada de mata e plantio de soja ou criação de gado", raciocina o diretor do museu. "Acredito que assistiremos a tentativas de revogação de UCs estaduais no Tapajós."

Segundo Gabas, na partilha o Pará deve concentrar o setor de serviços, a criação de gado e, talvez, o plantio de dendê para extração de óleo de palma. Já Carajás ficaria com a mineração e a criação de gado e Tapajós com o setor energético – o que inclui a Usina de Belo Monte e o complexo hidrelétrico Tapajós –, além da mineração, das florestas e do plantio de grãos.

Assembleias
Para o professor e consultor jurídico Cândido Paraguassú Éleres, o risco de alteração das unidades de conservação é real. "Basta que as Assembleias Legislativas mudem", afirma o jurista. "Em princípio elas não podem ser revogadas porque são atos definidos e isso poderia gerar muitas ações populares. Mas certamente os Estados poderão dar outra destinação às reservas. Até porque a mentalidade das pessoas que estão à frente dessa divisão é desenvolvimentista."

De fato, se o Pará for repartido, a maioria das suas unidades de conservação, tanto federais quanto estaduais, ficará localizada no Tapajós, que seria considerado o Estado mais verde da federação. Para ter uma ideia, 73,5% dos 732.568 quilômetros quadrados do Tapajós são áreas protegidas federais e estaduais. Dos cerca de 21 milhões de hectares de UCs estaduais do Pará, mais de 13 milhões estão na área do Tapajós.

O Pará remanescente ficaria com poucas matas. "Nós teremos fragmentos de florestas e o Centro de Endemismo Belém, região onde, de acordo com levantamento do programa Biota Pará, concentra-se o maior número de espécies ameaçadas do atual Estado", resume Gabas.

Desmatamento
Os novos Estados terão de criar políticas próprias contra o desmatamento, especialmente se houver mudanças nas UCs. O ritmo da derrubada de árvores em Tapajós dá uma boa amostra do imbróglio que se avizinha. Embora a área afetada na região até 2009 tenha sido menor que nos dois vizinhos, entre 2008 e 2009 Tapajós registrou o maior aumento da taxa de desmatamento entre os três. Ao todo foram cortados 53,9 quilômetros quadrados, segundo o Idesp.

"A taxa tem de ser relativizada por conta do tamanho da área. É preciso ver se esse impacto é maior ou menor do que aquele nos Estados já muito desmatados", explica a economista Lucia Cristina de Andrade, do Idesp.

As dúvidas provocadas pela proposta que será votada em plebiscito levaram o Goeldi a organizar um seminário no mês que vem sobre a divisão territorial. Para Gabas, além da questão das áreas de conservação, a partilha provocará falta de financiamento à pesquisa. Hoje, a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa) recebe 1% da receita do governo.

Otimismo
O engenheiro florestal Jackson Fernando Rego Matos, professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), com sede em Santarém, Tapajós, discorda da avaliação pessimista feita por Gabas e Éleres. Ele coordena um grupo de estudo que avalia dados sobre a criação do Estado e nega que sua constituição represente uma ameaça às UCs.

"Isso (UCs) é nossa grande riqueza. Receberemos as áreas instituídas, falta implementá-las de fato", diz. "Como a maioria das unidades de conservação, elas não saíram do papel."

"A Floresta Nacional do Tapajós (Flona Tapajós) tem uma experiência de manejo copiada pelo Brasil inteiro. A conservação interessa muito ao novo Estado: conseguiremos manter o que já existe e até ampliar."

Tocantins
O último exemplo de divisão territorial no Brasil foi o surgimento do Tocantins, desmembrado de Goiás em 1988. "Quando a área era parte de Goiás, não existia ali nenhuma unidade de conservação estadual. Depois da criação do Tocantins foi feito um zoneamento ecológico-econômico e a identificação de áreas que poderiam se transformar em UCs", conta o biólogo e consultor ambiental Fábio Olmos. "Desse processo nasceram os Parques do Jalapão e do Cantão."

Olmos admite que, embora tenha sido exemplar do ponto de vista administrativo, a estratégia hoje sofre com problemas de execução. "A política é muito ditada pelos grandes produtores rurais e o processo de criação de novas UCs acabou ficando congelado", lamenta.

terça-feira, 26 de julho de 2011

ENEG

Nossos amigos de geografia estão no CONEGEO no Rio de Janeiro. Acho que vai sair um grande ENEG.

O outro lado

Li o texto do Rafael Saldanha sobre o possíveis golpe que levaram nos ônibus da UFPA. Sao denuncias importantes, mas que precisam ser pontuadas.

Acho que a começar pela forma, o texto estava equivocado. Chamar as pessoas de lacaios e derivados não aglutina, não agrega politicamente, porque se funda em sectarismo.

Segundo fiquei sabendo, a UFPA não fretou dois ônibus, e sim um onibus, o outro seria pago pelo deputado federal Claudio Puty, da DS/Kizomba. E o ônibus usado pelos companheiros do Juntos e Consulta Popular era da universidade, do ITEC.

Depois de um episodio vivido recentemente, passei a pensar duas vezes antes de divulgar noticias que se refiram a pessoas e valores. Mas acho que essa historia ainda vai render muito.

Pânico mundial pela dívida dos EUA


O capitalismo ianque em crise

Emmanuel Santos
Socialist Core (EE.UU.)

Nas últimas semanas, os principais meios de comunicação vem divulgando o risco que corre a economia mundial com a notícia de que o endividamento dos EUA chegou a seu topo no dia 16 de maio.

O fato tem significado importante para a classe trabalhadora mundial, já que se o governo norte-americano não elevar o limite da dívida, muitos analistas preveem a explosão de uma crise financeira de repercussões catastróficas.

A dívida nacional norte-americana alcançou os 14 bilhões de dólares em meio a custosas guerras e a pior crise econômica desde os anos 30,
destacando a crise do capitalismo e do imperialismo por causa de revoluções populares no mundo árabe.

Os gastos militares e o resgate financeiro (bailout) para os bancos que fizeram a administração Obama, em 2008, aumentaram a dívida pública. Para não elevar o limite da dívida antes de 2 de agosto, se corre o risco de perder seu índice de AAA ranting (índice de rendição) emitidas pelas agências de qualificação de crédito (como a Moody’s e a Standard and Poor’s). Essas agências de risco são responsabilizadas por terem provocado a crise de 2008, ao não advertir o governo acerca dos problemas com as hipotecas.

Os capitalistas estão em pé de guerra com a possibilidade que isto ocorra
O secretário do tesouro Timothy Geithner espera um acordo entre democratas e republicanos logo que possível. Caso contrário, o governo teria restrições para solicitar empréstimos e o departamento do tesouro não teria fundos suficientes para cobrir as faturas.

Os democratas e republicanos alertam que se não chegam a um acordo, o pagamento dos salários dos militares e a cobrança de cheques recebidos por pensionistas seriam afetados. O país implementaria uma moratória (default) cujas consequências teriam efeitos catastróficos para a economia mundial.

Essa é a maior preocupação de investidores e grandes corporações. Enquanto isso, os trabalhadores não estão incluídos neste debate. O desemprego está aumentando. Existem recursos suficientes para implementar um programa de emergência. Mas Obama não propõe a criação de empregos através de um programa de obras públicas ou o fim da guerra.


Não haverá default
Um default significaria o não pagamento da dívida, o que acarretaria um custo econômico enorme para os bolsos dos capitalistas a nível internacional. Isso explica porque o Banco da Chiina e outras instituições internacionais que tem investimentos em títulos soberanos da dívida dos EUA estão atentos ao que está passando.

Por outro lado, muitos estados estão sendo afetados pelo déficit orçamentário e diminuindo suas funções. Por exemplo, as agências governamentais do estado de Minnesota deixaram de operar por duas semanas, afetando os salários de 22 mil funcionários públicos. Os democratas e os republicanos resolveram a crise com mais cortes na educação.

O circo político
Publicamente, democratas e republicanos não chegam a um acordo em torno da dívida. Cada parte acusa a outra dos problemas econômicos que estão surgindo. É um circo político para atrair votos. Fundamentalmente, convergem em continuar a guerra e os ataques a classe trabalhadora.

As negociações expõem as divisões dentro do Partido Republicano entre um setor conservador moderado, disposto a pactuar com Obama e outro mais reacionário, a extrema direita de Tea Party, financiada pela indústria farmacêutica, que se opõe fortemente a ceder terreno a Obama.

Este setor moderado, liderado pelo senador Mitch McConnel, propõe o chamado “Plano B”, o qual outorgaria poderes a Obama para elevar de forma unilateral o limite da dívida em 2,4 bilhões de dólares e incluiria grandes cortes no orçamento, salvando de apuros os republicanos que não precisariam votar no plano.

A imagem dos democratas seria afetada tendo em vista as eleições presidências de 2012. Obama está dando um novo giro à direita. Propõe aumentar a idade do Medicare (serviço de saúde para pessoas da terceira idade) de 65 para 67 anos. O Medicare é uma das vacas sagradas dos democratas. Foi uma conquista da classe trabalhadora durante a Grande Depressão.

Em muitos estados, os trabalhadores enfrentam as políticas antipopulares do governo. Não há um movimento nacional que unifique as lutas (a raiz da debilidade do movimento operário) e enfrente os efeitos da recessão. Além disso, a burocracia sindical desarticula as lutas e pactua com a patronal e o governo.

O setor público em vários estados está em luta. Há greves que duram 24 horas. Algumas são mais duradoras como em Scriba, no estado de Nova York, onde 460 trabalhadores de duas plantas nucleares levam vários dias de greve por causa das demissões em massa. A classe trabalhadora deve se por de pé para não pagar pela crise, mas que pague por ela as multinacionais e banqueiros apoiados pelo governo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Prestação de contas na UEPA

Na UEPA a vice-reitora esta enrolada com a CAPES, justamente porque inicialmente a prestação de contas do PARFOR - Programa de Formação de Professores sob sua responsabilidade foi rejeitada.

Pelos lados de la temos um bom bafafa.

Pai e Filho


Oswaldo Braga Outro dia, fui alcançado por um comercial de TV em que o jogador Neymar passeia por uma praia paradisíaca e faz uma declaração de amor e reconhecimento a um outro homem: seu pai. A direção e o texto do anúncio são primorosos. O jogador aparenta naturalidade, e a troca de afeto entre os dois expõe a perpetuação de uma intimidade física que remonta à infância e que permanece entre os dois adultos. Pai e filho. Amigos.* Alguns dias depois, fui atingido por outra cena, desta vez, jornalística. Dois homens vítimas de agressões homofóbicas. Em São João da Boa Vista, a 225 km de São Paulo, durante uma exposição agropecuária, pai e filho foram barbaramente agredidos por sete trogloditas que não entenderam as manifestações de afeto entre os dois. Os marmanjos julgaram que fosse um casal gay pelo fato de andarem abraçados. Ambos ficaram com o corpo repleto de escoriações, e o pai, que preferiu o anonimato e apareceu somente em silhueta na reportagem, teve parte da orelha decepada por uma mordida.

As duas situações envolvem afeto entre homens adultos, no caso, pai e filho. Ambos estavam felizes, compartilhando um momento de carinho com seu camarada. No comercial, foi possível explicar o significado daquela ternura; na vida real, não. Na praia, um pai orgulhoso ao lado do filho; no jornal, um pai ferido que prefere se esconder. Os dublês de religiosos e políticos dizem que não precisamos de uma lei que criminalize a homofobia, que queremos privilégios.

Muitas vezes, ouvimos aqueles que nos condenam repetirem que a lei que torna crime o preconceito contra os gays deve ter um texto mais suave. Pastores, padres, deputados e senadores negociam concessões que inocentem os religiosos midiáticos que, em nome de seu credo, incitam a violência contra os homossexuais. Contra os homossexuais? Bem, foi preciso que um pai carinhoso perdesse uma orelha para que a população entenda que a intolerância homofóbica não atinge somente os gays.

Uma sociedade que admite o preconceito contra os homossexuais como parte de sua cultura e se cala diante de agressões como essa está arriscada à naturalização dos confrontos e ao fim da solidariedade. Não é quando o amor entre dois homens se manifesta que a família é colocada em risco. A família corre perigo quando o afeto entre pai e filho se torna motivo para uma agressão. Mesmo que por engano.

domingo, 24 de julho de 2011

Separação do Para

O movimento separatista de Carajas e Tapajos aposta tudo nesse plesbicito, que vai ser realizado em Dezembro sobre a divisão do Estado.

Sou do GT sobre a divisão do Para do PSOL, e algumas coisas sao interessantes. O custo da campanha pra divisão do Para, somente em Carajas, esta próximo de 55 milhões. Pra se ter uma noção a ex-governadora Ana Julia declarou que pretendia gastar 50 milhões na sua campanha derrotada pela reeleição ano passado ao cargo majoritario do Estado.

De onde sairão esses 55 milhões? Por que uma campanha tão cara? Quais os principais doadores de campanha? A minha única certeza e que alguma hora essa conta será cobrada. Se houver uma possível separação, sei que quem vai pagar a conta desses 55 milhões será o contribuinte, porque teremos uma Assembleia a mais, teremos varias secretarias a mais pra sangrar os cofres públicos em corrupção.

sábado, 23 de julho de 2011

Amy e o debate sobre as drogas





Hoje foi noticiado o falecimento da cantora inglesa Amy Winehouse, de 27 anos, em Londres. A grande midia vai dar uma repercussão grande nos próximos dias sobre a morte da cantora, refazendo o caminho da superstição dos 27 anos, que ja levou outros grandes ícones que entraram pro clube dos 27 (como Jimi Hendrix, Jim Morrison, Kurt Cobain, Janis Joplin).

Alem da morte de Amy, sem duvida uma estrela cuja grandeza ultrapassa a racionalidade de muitos, o que vamos ver nos próximos dias será a volta de um moralismo exacerbado, do velho discurso sobre as drogas, a necessidade de fortalecimento da família (como se essa salvasse o mundo ou fosse o guarda-chuva nessa época apocaliptica), e de outros velhos discursos.

Não sabemos se a morte de Amy foi de overdose, pode ser que sim, pelo histórico que a midia apresenta e ate provável. Mas acima de tudo foi mais uma perda de vida pra uma dependência erronea. Mas e as outras perdas diarias que temos, muitas vezes sob nossos olhos? A perda diária de vidas de crianças na Cracolandia em São Paulo não e vista pelo poder publico? A nossa juventude que se droga todas as madrugadas nas calcadas das Lojas Americanas em Belém e solenemente ignorada pelo governo, por qual motivo? Ai entra um debate de classe. Essa juventude da periferia que todos os dias se perde pro crack representam o excedente que as elites não quem por ai, vagando nos bairros nobres, e muito menos na luta socialista.

O debate de drogas tem que sair do moralismo e dos cassetetes da policia pra ser um caso de saúde publica de fato. Mas como fazer um debate sobre saúde publica, se a saúde publica no Brasil esta na UTI? Como falar de saúde publica se faltam médicos, medicamentos, materiais básicos, leitos e o resto nos nossos hospitais? Como vamos pensar em clinicas de reabilitação publicas se nem sequer temos emergência publica básica nos nossos prontos socorros? Difícil pensar em recurso quando o dinheiro vai pra corrupção e pros empreiteiros.

Que possamos fazer um debate franco acerca da legalização da maconha, uma "guerra midiatica", que os jornais O Liberal e o Diario do Para em Belém tentam demonizar, mas que e vencida. A Amy podia ser presa na Inglaterra por porte de drogas, mas a realidade da nossa juventude e bem diferente. A repressão aqui e fortíssima, de uma policia que mata, some com as pessoas. E muitas vezes diz que nossos jovens morrem por ai em simples "acertos de conta entre o trafico".

Embora os usuários pela Lei já não sejam mais criminosos, a conduta pratica das batidas policias vão em outra direcao. Mas não adianta fazer o debate hipócrita da humanizacao da Policia. E essa situação piora quando os usuário são negros e pobres.

Sou um amador no debate sobre drogas, mas já vou registrar de antemão a minha indignação com o que a midia fará sobre as mesmas nos próximos dias e semanas., mas não venham dizer pra mim e pra qualquer universitario ou menino de rua que fumar um baseadinho não relaxa, porque nao e verdade.

Sobre os rankings internacionais das universidades

Artigo interessante da Carta Capital sobre os rankings internacionais das universidades

Avaliar para moldar

Os rankings internacionais de universidades não seriam uma das maneiras de impor um modelo, de privilegiar certas linhas de pesquisa? Por Vladimir Safatle. Foto: Antoninho Perri/Ascom/Unicamp

Vivemos a era em que as avaliações educacionais são normalmente vendidas como métodos neutros de descrição, como fotografias de situações claramente objetivas e não problemáticas. Nesse sentido, os que são contra as avaliações só poderiam, na verdade, querer esconder alguma forma de inaptidão ou incompetência. Ao menos, é assim que o debate é normalmente posto quando se discutem as avaliações universitárias.

Talvez fosse o caso de perguntarmos, porém, se uma boa parte da resistência de setores universitários a certos regimes de avaliação não viria da compreensão de que avaliar é, muitas vezes, uma maneira mais silenciosa de impor um modelo. Quando se trata da vida universitária, avaliações que se dizem neutras são, muitas vezes, maneiras de privilegiar certos tipos de pesquisa, desqualificar outros, decidir sobre como as universidades devem se desenvolver e decidir seus critérios de relevância.

Um exemplo privilegiado desse passe de mágica são os chamados rankings internacionais de avaliação universitária. Por meio de tais rankings, vende-se a possibilidade de sabermos quais seriam as melhores universidades do mundo, quais seriam os verdadeiros centros de excelência. Eles são, muitas vezes, usados por administrações universitárias e por instâncias governamentais para justificar o destino ou o corte de verbas, assim como para justificar intervenções na estrutura acadêmica.

Atualmente, certos universitários perceberam algo de errado nesses rankings. Não escapou a eles a incrível dispersão de seus resultados. De um ranking a outro a posição das universidades muda radicalmente. Prova maior da ausência de um conjunto claro e realmente estabelecido de critérios e métodos. Só para ficar em um exemplo referente a dois dos sistemas de avaliação mais utilizados na atualidade. No ranking elaborado pela Universidade de Xangai, a Universidade de Paris VI aparece em 39º lugar. Já naquele feito pela Times Higher Education, a mesma universidade está na 140ª posição.

Tal dispersão de resultados não poderia ser diferente, pois estes e outros sistemas de avaliação não nasceram, como era de se esperar, de um debate amplo, constante e sempre reversível entre os vários campos de pesquisa que compõem a vida universitária. Eles não foram o resultado de discussões, mais do que necessárias, entre várias universidades no mundo que procurariam expor as características de suas tradições de pesquisa. Um dos rankings mais usados afirma que consultou 13 mil pesquisadores de vários países. Mas seu viés já é, de entrada, parcial. Não se trata de pesquisadores de todas as áreas e subáreas, mas profissionais que vêm, muitas vezes, de campos que não são vistos como tais por certas tradições universitárias, como criminologia ou relações internacionais. Isso sem contar a incrível predominância de pesquisadores de certas áreas em detrimento do equilíbrio geral.

Em larga medida, tais problemas são de origem, pois tais rankings foram sintetizados por áreas específicas de pesquisa (ciências exatas e biológicas) em universidades anglo-saxãs e, em um segundo momento, tentou-se impô-los, com alguns ajustes, para outras áreas e outros países. Não por acaso, nações com forte tradição universitária e capacidade de influência, como França e Alemanha, estão normalmente mal posicionadas em tais rankings-. Isso explica também por que boa parte deles avalia medalhas (como a medalha Fields) e prêmios que só existem em certas áreas- das ciências exatas e biológicas. Uma avaliação minimamente séria deveria levar em conta critérios de distinção em todas as áreas ou não considerar -nenhum, sob pena de dar mais importância a certas áreas em detrimento de outras.

Quem mais sofreu com isso foram as chamadas ciências humanas. Não porque as ciências humanas (como história, filosofia, pedagogia, geografia, teoria literária, sociologia, antropologia, psicologia, economia, estudos de mídia e outras) seriam “menos científicas” do que a física ou a biologia ou “menos importantes” (dificilmente alguém discutiria a importância de questões próprias às ciências humanas como o declínio da autoridade paterna e seu impacto na estrutura familiar, a participação de grupos empresariais no financiamento do aparato de tortura da ditadura brasileira, a influência da publicidade no desenvolvimento infantil, a natureza do sofrimento psíquico e suas formas de intervenção, o sentimento de lassidão em relação à democracia parlamentar, a formação do nosso sistema literário, a natureza da violência urbana e a constituição da moderna noção de racionalidade, entre tantos outros). Na verdade, elas têm uma dinâmica de pesquisa e impacto que merece ser compreendido em sua especificidade.

Há um exemplo paradigmático nesse sentido. Normalmente, tais rankings se propõem a avaliar a produção acadêmica a partir do total de artigos publicados em revistas indexadas ou a partir dos índices de citações a artigos e autores. Mas o que um índice de citações retrata? Poderíamos dizer que um artigo é mais citado, circula mais, devido- à sua qualidade. Isto é, porém, simplesmente falso. O maior número de -citações indica- que o artigo foi lido por mais pessoas e conseguiu inserir-se em uma das redes hegemônicas de pesquisa- em determinado momento.

Lembremos aqui de duas variáveis que interferem diretamente nessa circulação. A primeira refere-se à intervenção de forças econômicas na pesquisa acadêmica. Por exemplo, atualmente, as pesquisas em psicologia precisam conviver com a forte presença do interesse de grupos econômicos ligados à indústria farmacêutica, pois tal indústria sabe dos lucros milionários que novas gerações de antidepressivos e ansiolíticos podem produzir. Por isso, pesquisas que validem os resultados de seus medicamentos, naturalmente, entram em um circuito internacional de circulação e financiamento estimulado por forças não exatamente acadêmicas.

Mesmo que a intervenção econômica não seja sob a forma de financiamento direto, a situação cria uma dissimetria perigosa, em que jovens pesquisadores terão a tendência a não pesquisar seriamente os limites de uma prática farmacológica que procura se vender como incontestável. Eles não querem o peso de lutar contra redes hegemônicas de pesquisa, independentemente do fato do que elas realmente representam.

Não é difícil perceber, por outro lado, que outra variável importante para determinar a circulação de um artigo é a língua. Um artigo em inglês sempre circulará mais que outro escrito em uma língua “exótica” como o português, mesmo se o primeiro for pior que o segundo. Claro que alguém pode perguntar: então, por que não escrevemos todos nossos artigos em inglês? Podemos fazer como os holandeses, os finlandeses e outros, que resolveram esse problema sem muita confusão.

Mas vejam que interessante. Se os nossos pesquisadores publicassem suas produções basicamente em revistas acadêmicas e em inglês, a universidade ficaria, de uma vez por todas, de costas para a sociedade. Nossa produção nem sequer seria escrita- na língua de nossa sociedade, nessa língua em que a nossa opinião pública constitui seus debates e sua esfera de reflexão. Assim, a universidade realizaria, de vez, seu divórcio, dialogando apenas dentro de seus muros. Muros esses que se repetiriam em cada país de língua não inglesa.

A ideia de um conhecimento com forte capacidade de intervenção social foi algo que o Brasil conseguiu efetivar. Intelectuais como Celso Furtado, Sérgio Buarque de Hollanda, Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes foram homens públicos capazes de influenciar fortemente a opinião pública porque escreviam na língua de seu povo e procuravam expor suas ideias não apenas por meio de revistas acadêmicas, mas de livros comprados em qualquer boa livraria e artigos de divulgação encontrados em qualquer boa revista semanal ou jornal. Deveríamos nos mirar em seus exemplos e procurar formar mais intelectuais com tais habilidades, em vez de desqualificar sistematicamente as condições que permitiram tais trabalhos florescerem.

Boa parte dos rankings internacionais nem sequer avalia livros, com sua força natural para romper os muros da academia. Ou seja, se você publicou um livro em uma editora renomada como a Cambridge University Press, depois de anos de pesquisa, isso, inacreditavelmente, não será levado em conta. Mesmo aqueles rankings que avaliam livros avaliam mal, dando peso reduzido a eles em comparação a um artigo acadêmico. Nada justifica tal aberração, já que boas editoras têm comitês de leitura de alto nível, como qualquer revista acadêmica. A única justificativa é: trata-se de impor uma concepção de universidade, na qual a capacidade de intervenção na vida social não é mais importante. Mas a questão é: a quem interessa uma universidade assim? Por que deveríamos nos pautar por esse modelo?

Por fim, outro ponto que classicamente aparece nesses rankings é a “internacionalização”, ponto no qual as universidades brasileiras normalmente vão mal. Mas, por mais que tal questão seja de fato relevante, há distorções profundas na maneira que ela é posta. Primeiro, devemos ter clareza de que as universidades brasileiras nunca terão a porcentagem de alunos de graduação estrangeiros que encontramos em certas universidades europeias (a USP, por exemplo, tem 2%, enquanto encontramos universidades britânicas com 30%). Pois tais universidades precisam desses alunos para sobreviver, elas simplesmente não têm alunos suficientes em seus próprios países.

Isso está longe de ser o caso de países de grande população e extensão continental, como o Brasil. Temos um déficit enorme de pessoas sem curso superior em nosso próprio território. Seria um equívoco brutal deixar de focar tal questão como prioridade. Teremos níveis maiores de internacionalização na graduação e na pós-graduação. Isso é bom e louvável. Assim como é bom avaliar a mobilidade internacional de pesquisadores e professores, a circulação internacional de alunos de doutorado e pós-doutorado. Mas nunca teremos uma mobilidade em nível europeu e nunca teremos a atratividade de países que podem compor todo o curso de graduação em inglês (porque precisam fazer isso simplesmente para sobreviver). Mas a questão é: não precisamos disso. Difícil é explicar por que uma questão tão ligada à característica do funcionamento universitário de cada país tem tanto peso nos processos de avaliação.

Favorecimento?

O discente Rafael Saldanha, do Juntos e coordenador geral do DCE, tem acusado a reitoria da UFPA de ter favorecido PT e PC do B com a liberacao de dois onibus fretados para o Congresso da UNE, enquanto a oposição , vencedora do processo de escolha de delegados, teve que ir num onibus improvisado do ITEC.


O mito do torcedor violento

Segue texto interessante sobre a violência no futebol.


O mito do torcedor violento

Pesquisadores sustentam: demonização das torcidas organizadas é parte da tentativa de elitizar o futebol e restrigir pobres a meros telespectadores

Por Irlan Simões, colaborador de Outras Palavras


Em maio de 2010, após intensas discussões entre o poder público, a Polícia Militar e presidentes de clubes, o estado de Sergipe tornou-se pioneiro em um processo que avança sobre o futebol brasileiro: a criminalização das torcidas organizadas (ou T.O.s). Uma mestranda do núcleo de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Federal de Sergipe, Klecia Renata de Oliveira Batista, animou-se a avaliar tal fenômeno.

Durante dois anos, a mestranda sergipana acompanhou o funcionamento interno da torcida Trovão Azul, adepta do Confiança, interessada em estudar a violência no meio. Intitulado “Entre torcer e ser banido, vamos nos (re)organizar: um estudo psicanalítico da torcida Trovão Azul”, a tese tornou-se um documento inédito sobre a criminalização das torcidas organizadas a partir da realidade sergipana. “Foi um processo fundamental para o meu trabalho, justamente quando eu estava tentando mapear a pressão que a torcida vinha enfrentando no momento”, afirma Klecia.

Defendido em 27 de maio último, o trabalho de Klecia aponta: a “modernização” do futebol brasileiro visa na verdade adequar o jogo aos interesses do mercado; ela está sendo imposta mesmo que as transformações custem a perda dos valores culturais embutidos no futebol. “O que se vê hoje é a torcida organizada enquadrando-se ao que alguns historiadores chamam de torcidas-empresa, rendendo-se a uma lógica organizada pelo capital”, afirma a pesquisadora.

O Estado como protagonista

Visando explicar o fenômeno, a mestranda recorreu ao referencial psicanalítico de Sigmund Freud. Ela sugere que, na busca de uma adequação dos estádios e do jogo ao que se entende pelo “ideal da ordem, limpeza e beleza da Modernidade”. Justifica assim as medidas punitivas que têm sido tomadas contra as torcidas organizadas.

Segundo a pesquisadora, estes coletivos cumpriam papel de resistência a esse processo. “Hoje, não há mais margem de sobreviver no futebol fora desse padrão de “modernidade”. Dessa realidade, a única coisa que tinha sobrado eram as torcidas, que agora também estão sendo ameaçadas”, afirma. Para ela, a violência no futebol não se restringe às torcidas organizadas. Na realidade, a violência é própria da vida do homem em sociedade e as torcidas constituem, no âmbito futebolístico, um microespaço no qual essa violência se torna presente.

“O novo Estatuto do Torcedor é o carro-chefe desse processo de modernização”, afirma Klecia Renata, questionando o papel que o projeto aplicado pelo ministério dos Esportes vem cumprindo. Para ela, a lei sancionada em 2010 é responsável pelas ameaças de banimento, proibição da entrada nos estádios, venda de materiais padronizados e criminalização dos torcedores organizados. Ainda segundo a pesquisadora, a reorganização das T.Os tem gerado elitização de seu corpo de integrantes, uma vez que a concepção de que o torcedor mais pobre é o causador da violência é o que tem imperado no senso comum.

Panorama nacional

Além da orientação do professor Eduardo Leal Cunha e da presença de Daniel Menezes Coelho, ambos da UFS, a defesa da dissertação teve como convidado o historiador Bernardo Borges Buarque de Hollanda, doutor em História Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pesquisador do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea da Faculdade Getúlio Vargas (CPDOC-FGV). Estudioso do assunto há mais de dez anos, Bernardo reforçou, no seu comentário como integrante da banca da defesa da dissertação, a ligação entre o “ideal da ordem e limpeza da Modernidade” e o processo de elitização do público torcedor do futebol, traçando paralelos com os processos ocorridos em outros países, como a Inglaterra.

O pesquisador, que também estudou o histórico das torcidas organizadas no Brasil, lembra que criminalizar os torcedores uniformizados é parte do mesmo projeto que busca excluir o torcedor mais pobre dos estádios. “Isso é uma forma de elitizar o espectador, e essa vai ser a tendência. O “telespectador” vai ser o lugar das classes populares”, afirma. Bernardo justifica sua hipótese mostrando como os estádios têm diminuído, após sucessivas reformas, a sua capacidade de público e aumentado o valor dos ingressos buscando atingir apenas um público consumidor de classe média-alta.

Um aspecto também ressaltado pelo estudioso é a movimentação das torcidas organizadas buscando frear tal processo. No Rio de Janeiro, foi fundada a Federação das Torcidas Organizadas, a Ftorj, enquanto no âmbito nacional a Confederação das Torcidas Organizadas (Conatorg) dá os primeiros passos. “É sempre muito difícil uma representação das torcidas organizadas porque existem muitos conflitos internos e entre elas. Mas já é um sinal de que há um avanço, uma possibilidade de declamar direitos. Não apenas deveres, como querem os dirigentes”, afirma.

Quando questionado sobre como o senso comum brasileiro tem apoiado tal processo de modernização, Bernardo é enfático: “É muito desigual essa transmissão de mensagens”. Para ele há grande dificuldade em explicar como esse processo vai excluir os próprios torcedores que aprovam tais medidas.

O avanço do processo de criminalização

Em 13 de junho de 2011, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro acionou as torcidas organizadas para uma audiência pública. Estavam presentes representantes de 36 torcidas, do ministério do Esporte, da Polícia Militar, da secretaria de Estado de Esporte e Lazer, da superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj) e da Federação das Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro (Ftorj).

Todos os convidados tiveram de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que operacionaliza o Estatuto do Torcedor. Entre as exigências, estão a proibição de diversos artigos, como bandeiras, faixas, e materiais que possivelmente ocasionariam o ferimento dos presentes no estádio e a penalização da Torcida Organizada em caso de descumprimento de algumas normas por parte de algum dos seus integrantes.

Ao fim da Audiência, Flávio Martins, presidente da Ftorj, lamentou que apenas as torcidas organizadas fossem responsabilizadas pelo esvaziamento dos estádios. “Muito se fala da violência promovida pelas torcidas, mas nunca se questiona a condição do transporte público que tem sido disponibilizado, nem o valor dos ingressos e nem o horário dos jogos”, afirmou.

Repressao a greve na UFF

A reitoria da Universidade Federal Fluminense (UFF) obteve, em 19 de julho de 2011, uma liminar contra o SINTUFF.

A medida obrigava o sindicato a divulgar, através de cartazes e de seu blog, uma decisão judicial que coíbe atividades de mobilização e convencimento da greve dos servidores. Após ser notificado, o SINTUFF teve o prazo de apenas duas horas para cumprir a decisão, sob a pena de pagar R$ 10.000 (dez mil reais) de multa, mais R$ 1.000 por hora consecutiva em caso de descumprimento.

Esta atitude da reitoria contradiz a decisão do Conselho Universitário da UFF, do dia 29/06/2011, que aprovou apoio e solidariedade à greve. Essa prática é comum a governos autoritários e reacionários, que procuram criminalizar as lutas legítimas e justas da classe trabalhadora. Exemplos desta prática não faltam. Em 1995, Fernando Henrique Cardoso, através do STF, impôs multas gigantescas aos sindicatos petroleiros em greve, quebrando as finanças destas entidades. Recentemente, o governador Sergio Cabral ordenou a repressão brutal e prisão dos bombeiros em greve. A reitoria da UFF segue o mesmo caminho. Para cumprir as ordens do governo federal, ataca a democracia, a autonomia da universidade, os servidores técnico-administrativos e o sindicato que os representa (SINTUFF).

São as greves de docentes e servidores que, ao logo de décadas, tem defendido as universidades públicas, os concursos e impedido a aplicação de inúmeros projetos de privatização. Desta forma, vimos manifestar repúdio à reitoria da UFF por este ataque à luta dos servidores. Exigimos a retirada imediata desta liminar e que a reitoria respeite a decisão do Conselho Universitário em favor da greve da categoria.


Envie mensagem para:
Gabinete do Reitor Roberto de Souza Salles
reitor@uff.br e gabinete@gar.uff.br
com cópia para contato@sintuff.org.br e secretaria@sintuff.org.br
Endereço: Rua Miguel de Frias, 9 - 7º andar
Icaraí - Niterói - RJ - Brasil
CEP: 24220-900
Fax: 55 (21)2629-5207

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sobre o CONUNE

Este foi meu quarto Congresso da UNE, o ultimo da graduação, e espero ir em outros ainda.

De longe, foi o melhor CONUNE pela esquerda que eu vi. As disputas com a direcao majoritaria da UNE, encabeçada pelo PC do B e apaninguados do PT, se dão nos Grupos de Discussão, que em muitos momentos pararam porque as disputas estavam exaltadas, da melhor maneira possível.

As palavras de ordem procuraram exaltar a poderosa greve dos servidores nas universidades publicas federais, do único setor hoje que esta enfrentando o governo, ainda que com uma direcao pelega através da FASUBRA.

O mais importante nisso foi que ficou claro: não tem como lutar por 10% do PIB pra educação ou mesmo os 7% que defende o PC do B, se hoje não existe luta contra os cortes no orçamento. E preciso que tomemos as ruas e as universidades, que nos somemos a greve dos servidores e que o ANDES se relocalize politicamente pra que neste momento possamos dar mais densidade a luta.

Da mesma forma que questionamos os cortes no orçamento, cantávamos na questão do sumiço dos recursos e a corrupção nos transportes, afinal "a Dilma comanda o bond dos empreiteiros".

Por outro lado, hoje o ex-presidente Lula sabe que existe um setor que não beija a mão dele, que não acha o Prouni a salvação do mundo e a redenção da divida histórica que temos com a democratizacao da comunicação. Fomos ao Encontro do Prouni onde estavam Lula, o ministro Haddad da educação, o ex-ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral, entre outros. Quando os governistas gritaram "Lula, guerreiro do povo brasileiro", respondemos "Lula, guerreiro do Palocci e do banqueiro".

Foi por apenas 15 votos que a esquerda da UNE não conquistou a Secretaria Geral da UNE, um cargo na executiva com ampla visibilidade, e desta vez foi por quebra de delegados.

A votação na plenária final não condiz com a luta. A esquerda da UNE dirige os principais DCE's do Brasil, de norte a sul, e precisamos ter uma unidade pra tocar lutas e enfrentar o governo Dilma, sempre na perspectiva da defesa do ensino publico, gratuito e de qualidade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Educação Superior no novo Plano Nacional de Educação - PL 8035/2010


Por Pedro Mara[1]

Há quase dez anos a sociedade civil brasileira mobilizava-se para aprovar um Plano Nacional de Educação que apontasse para universalização da educação, o que exigiria investimentos do poder público que viabilizassem as metas propostas. Paralelamente às exigências da sociedade brasileira em torno de uma democratização real do acesso à educação em todos os seus níveis, o governo FHC vetou a proposta de investimento de 10% do PIB pra educação. Com a eleição de Lula em 2002, com o apoio de setores conservadores e de uma boa parte das elites e oligarquias brasileiras, manteve-se o veto de 10%.

Entretanto, pelas características da sociedade politica e civil no Brasil, permeadas por relações clientelistas e patrimonialismo e de uma burguesia, o PNE não é visto como uma politica de Estado, e sim de Governo. Desta forma, o governo Lula ignorou o PNE aprovado e utilizou como referência para as politicas educacionais, dentro do qual estavam para educação superior propostas de reforma universitária que não condiziam com as bandeiras históricas da esquerda lutadora, entre os quais estavam o PROUNI, a Lei de Inovação Tecnológica,REUNI, entre outros. Ressalte-se que houve neste período um período de grande cooptação das entidades brasileiras (UNE, CUT, parte do MST, entre outras).

A bandeira de todos os lutadores sempre foi a aprovação de um PNE como politica de Estado, e não como politica de governo, mas as tensões que marcam as disputas politicas e correlações de força pelo poder no Brasil nos impõem que a luta não seja técnica-científica, mas sim politica, respaldada por um projeto para a classe trabalhadora brasileira.

Os próximos meses serão de intensos debates acerca da aprovação do Plano Nacional de Educação para o período 2011-2020. Trata-se das metas para educação na década. Partimos do principio de que a Educação Superior deve ser majoritariamente oferecida pela União e Estados em universidades públicas e se organizará com base na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

O atual projeto do PNE (PL 8035/2010), tal qual o anterior, é um projeto do Executivo, sem a participação da sociedade brasileira, pois desconsiderou o debate e as deliberações da CONAE – Conferência Nacional de Educação, que foi precedida por conferências municipais, regionais e estaduais, com um debate que embora com contradições, representou um avanço em termos de concepção de educação. Entre os eixos temáticos da CONAE podemos destacar de progressista o papel do Estado na garantia do direito à educação de qualidade; gestão democrática e avaliação; formação e valorização dos profissionais da educação; e financiamento da educação e controle social; justiça social, educação e trabalho, inclusão, diversidade e igualdade.

Entretanto, os 11 artigos, as 20 metas e 171 estratégias do PNE não sefundamentam em qualquer diagnóstico ou em uma avaliação do PNE de 2001- 2010, sobre possíveis lacunas que ficaram.

O atual PNE proposto pelo governo apresenta uma concepção de educação orientada pela lógica mercantilista, assentada no tripé: gestão (empresarial); financiamento(recursos públicos /setor privado) e avaliação (de resultados). Este tripé foi o que possibilitou grande parte da privatização (no setor público) e mercantilização (setor privado) da educação superior.

Ademais se destaca a construção/viabilização de um Sistema Nacional de Educação sem o qual as metas ou parte delas estarão comprometidas não aparece como objetivo.

A principal questão refere-se aos termos de financiamento, que não avança dos 7% do PIB propostos no PNE 2001-2010; no qual a concretização só seria possível ao fim de 2020.

Este PNE aponta para um avanço ainda maior da privatização nos dois extremos da educação: na educação infantil (E-1.4 oferta por entidades beneficentes /privadas) e na educação superior (via PROUNI, FIES, EAD).

Na meta 12do PL 8035/2010 a Expansão da educação superior é proposta na perspectiva de elevação da taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta, otimizando a estrutura física e os recursos humanos das instituições públicas de educação superior para ampliar e interiorizar o acesso à graduação (REUNI) – E12.1

No item 12.02 a proposta é de ampliar a oferta de vagas por meio da expansão e interiorização da rede federal de educação superior, da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do Sistema Universidade Aberta do Brasil,(REUNI; EAD).

Outro ponto bastante polêmico refere-se à proposta do eixo 12.3 de elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais nas universidades públicas para 90% (noventa por cento), ofertar um terço das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudantes por professor para 18 (dezoito) [2], mediante estratégias de aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que valorizem a aquisição de competências de nível superior. Estas propostas institucionalizam permanentemente os princípios presentes no REUNI e no modelo Universidade Nova/Bolonha.

Outro eixo que avança pra privatização refere-se à avaliação, expressa no eixo 13.2 e 13.3, cuja proposta é inicialmente ampliar a cobertura do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes - ENADE, de modo a que mais estudantes, de mais áreas, sejam avaliados no que diz respeito à aprendizagem resultante da graduação; tal qual induzir processo contínuo de auto-avaliação das instituições superiores, fortalecendo a participação das comissões próprias de avaliação, bem como a aplicação de instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem fortalecidas, destacando-se a qualificação e a dedicação do corpo docente. Estas propostas avaliativas não se inserem no principio de avaliação que defendemos, que identifique problemas e possa fazer com o Estado injete recursos para resolvê-los, tal qual segue numa proposta de ranking para o setor privado. As auto-avaliações por si mesma devem apontar também não convergem para que se cobre do Estado mais recursos para as universidades ou um padrão de qualidade no setor privado.

É na parte de financiamento que voltam-se grande polemicas. Na contramão do Estado como financiador da universidade pública os eixos voltam-se para expandir o financiamento estudantil por meio do Fundo de Financiamento ao estudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, por meio da constituição de fundo garantidor do financiamento de forma a dispensar progressivamente a exigência de fiador.

A propostaatual do PNE pode ser considerada muito mais ultrapassada que a anterior. Se no anterior a proposta era elevar em níveis de 30% o acesso à educação superior pro período, até 2010, neste a proposta é absurdamente maior e continuamos com a mesma cifra de parcos recursos pra educação. Este PNE vem a ser mais uma peça no quebra-cabeça historicamente de desestruturação da educação no nosso país. E contra este processo os lutadores devem unir-se, demonstrando que as metas de elevação dos indicadores educacionais no país só serão possíveis se houver investimento público, se a gestão não for orientada para resultados quantitativos – o foco deve ser a qualidade e se a avaliação tiver capacidade de identificar os problemas e exigir recursos do Estado para a solução destes.



[1] Estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal do Para, ex-secretario geral do DCE UFPA, ex-conselheiro discente no CONSUN UFPA

[2]A relação professor-aluno na rede pública é de 12,38 e nas IES privadas é de 20,34. Neste sentido observa-se uma tendência de alinhamento das IES públicas aos padrões privados.