Sob as ordens do FMI
Brasil vai ter que aplicar plano de austeridade
O Fundo Monetário Internacional declarou que é necessário que o Brasil realize reformas, reduza gastos públicos e aperte ainda mais o cerco contra as condições de vida dos trabalhadores
O plano de austeridade tem que ser aplicado no Brasil, esta foi a recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI) na última semana.
Segundo o FMI chegou a hora do governo brasileiro aplicar reformas no País e aproveitar o bom momento econômico pelo qual passa. Para o vice-diretor do FMI, John Lipsky, “Este é um momento muito favorável, que as novas autoridades brasileiras devem aproveitar para planejar um crescimento forte e sustentado" (Associated France Press, 7/10/2010).
As considerações sobre o Brasil não pararam por aí. Para o FMI o Brasil será o motor de recuperação econômica da América Latina, terá crescimento de 7,5% este ano de 4,1% no próximo ano.
O representante do FMI ainda declarou que devido às altas exportações brasileiras e a entrada de investimentos estrangeiros "a economia brasileira está claramente funcionando muito bem" e que “É o momento propício para que o Brasil melhore seu equilíbrio fiscal em médio prazo e inicie as reformas estruturais que permitirão ao país melhorar sua eficiência",.
Por trás de todos estes elogios do FMI à economia brasileira está um amplo plano de pilhagem do País.
O FMI foi absolutamente claro ao dizer que é necessário que haja uma redução do crescimento do gasto público, pois o País precisa diminuir o ritmo do superaquecimento da economia brasileira.
A recomendação do FMI, o “crescimento forte e sustentado” significa um amplo plano de corte de gastos públicos. A declaração do FMI soa contraditória, pois ao mesmo tempo que elogia a economia brasileira por ser o motor da América Latina, o País que irá promover a recuperação na região etc. tem que fazer o mesmo que os países endividados da Europa.
A aplicação do plano de austeridade no Brasil demonstra na verdade o contrário da análise econômica que o FMI apresentou do Brasil. A economia brasileira está à beira do colapso, o plano não é uma medida para aproveitar a onda de crescimento brasileiro, mas para salvar o País da bancarrota.
Depois de despejar bilhões de reais para os capitalistas em crise o governo Lula agora está com os cofres públicos vazios e o plano de austeridade vai ser uma medida para continuar garantindo a transferência de dinheiro público para capitalistas.
O plano de austeridade é uma exigência do FMI em nível internacional. Foi aplicado em larga escala na Europa depois que os países entregaram trilhões para os bancos. O resultado desta política foi o aumento estratosférico do déficit público dos países agravando ainda mais a crise ao invés de revertê-la.
Os trabalhadores europeus foram os principais afetados, tiveram cerca de 40% de redução de salários, aumento da idade de aposentadoria, aumento de impostos e taxas etc.
O plano de austeridade brasileiro será aplicado após as eleições, com o novo governo eleito pela burguesia, para atender todos os interesses dos capitalistas falidos com a crise.
Este pacote vai promover um ataque generalizado às condições de vida e trabalho dos trabalhadores. O plano de cortes de gastos públicos vai ser aplicado sob a base dos ataques já em marcha contra os trabalhadores, como o ataque aos direitos democráticos dos trabalhadores, como direito de greve, a reforma trabalhista; cerceamento à liberdade de organização, reforma sindical; aumento da repressão aos sem terra e repressão à população nas grandes cidades.
Já o plano vai cortar desde verbas públicas para áreas sociais como facilitar para os empresários a demissão de trabalhadores, o corte de salários, de direitos trabalhistas, Reforma da Previdência, plano de privatizações dos Correios, da Petrobrás, portos, aeroportos, estradas etc.
Diante desta enorme ofensiva contra a existência dos trabalhadores e suas famílias é preciso que a classe operária não confie no resultado das urnas para resolver seus problemas, mas acreditar na sua própria organização e luta. Somente a mobilização dos trabalhadores contra o plano de austeridade será possível garantir suas reivindicações e sua sobrevivência.
Descontentamento popular
Na última semana o presidente dos Estados Unidos manteve uma intensa agenda de viagens pelo País. Obama está peregrinando por diversos estados norte-americanos de olho nas próximas eleições legislativas que irão acontecer no próximo mês nos Estados Unidos.
A “disposição” de Obama deve-se ao fato de que as perspectivas são de um fracasso que vai fazer com que o Partido Democrata perca a maioria na Câmara dos Representantes o que vai significar a maioria republicana no Congresso norte-americano.
Um dos principais motivos do iminente fracasso do Partido Democrata nas eleições deve-se à situação crítica da economia norte-americana diante da crise econômica mundial. Os efeitos da crise com perda de milhões de casas, altíssimo desemprego etc. A popularidade de Obama caiu abaixo dos 50% nos últimos meses devido à falta de respostas concretas para o crescente aumento da pobreza no País.
Relatório divulgado recentemente informou que 43,6 milhões de norte-americanos estão vivendo na Pobreza, mais de 14% da população. O desemprego está estacionado em 9,6% desde o início de 2010, 14,8 milhões de trabalhadores sem emprego.
O presidente tinha em 2009 60% de aprovação do seu governo, no segundo semestre deste ano a popularidade caiu para 45%.
Com as eleições o Partido Republicano está acusando os Democratas de serem os principais causadores da crise econômica. Uma das acusações é que os democratas são maioria no Congresso desde 2007, ano do início da crise, e por isso o partido seria responsável pelo desenvolvimento da crise econômica. Outra acusação foi feita por um dos líderes do Partido Republicano, o senador do Kentucky, Mitch McConnell, declarou que durante o governo Obama o Partido Democrata aprovou leis que só prejudicaram os empresários forçando demissões e não dando condições de contratação.
Os Democratas dizem o mesmo dos republicanos, destacando que foi a política do ex-presidente George W. Bush que levou ao agravamento da crise.
O fato é que a crise econômica vai se aprofundar nos próximos anos, elevando ainda mais a crise do governo Obama. E a derrota Democrata nas próximas eleições vai significar o enorme descontentamento da população norte-americana com a atual política. Outro aspecto desta possível derrota do partido do governo será o retorno do Partido Republicano na base do regime político nos Estados Unidos. Isso colocaria uma base conservadora no comando do maior país imperialista do mundo utilizando como contraponto o Partido Democrata, mas para realizar a mesma política.
Terceirização da segurança
Os capitalistas norte-americanos não perdem tempo. Em um relatório divulgado pelo Senado norte-americano constatou-se que o governo está gastando milhões de dólares de dinheiro público para sustentar empresas de segurança particular no Afeganistão.
Segundo os dados levantados existem atualmente no Afeganistão mais de 26 mil funcionários na área de segurança divididos em 90 empresas particulares de segurança. Estes funcionários são comandados por empresas privadas, mas o dinheiro utilizado para gerir estas empresas sai dos cofres públicos norte-americanos.
Estas empresas estão assumindo funções do exército norte-americano no Afeganistão. O Pentágono auxilia diretamente as empresas que bancam armas e contratam mercenários. Existe toda uma rede desconhecida de segurança particular no Afeganistão que atua em diversas áreas. A organização está baseada nos chamados “empreiteiros de segurança” que sob orientação do Pentágono organizam milícias particulares que atuam em várias funções. Os mercenários atuam na segurança de bases militares dos EUA, há os que fazem a segurança pessoal de militares de alta patente, em outros casos estes seguranças apenas desarmam bombas e minas terrestres. Na maioria dos casos nem mesmo os militares norte-americanos sabem da existência destas milícias.
Este relatório do Senado dos Estados Unidos revelou que estas milícias servem aos dois lados da guerra, não somente ao governo norte-americano, mas às tropas inimigas, talibãs e outros grupos contrários à invasão imperialista. Muitos dos soldados que atuam nestas milícias são do próprio exército afegão.
Estas empresas privadas de segurança, ao mesmo tempo que são financiadas pelo governo norte-americano atuando para proteger as tropas norte-americanas e também promovendo o massacre de civis afegãos também trabalham de maneira oportunistas para as tropas “inimigas”, desta forma alimentando artificialmente o conflito no Afeganistão aproveitando os cofres públicos para lucrar.
Os dados deixam evidente que há uma privatização da guerra no Afeganistão financiada pelo dinheiro público dos trabalhadores norte-americanos.
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