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domingo, 10 de abril de 2011

Estado laico?

Já faz um tempo que vem se travando um grande debate na sociedade civil sobre a questão da laicidade do Estado. Um estado laico é oficialmente neutro em relação às questões religiosas.

A importância disso aumenta à medida em que em nome de convicções religiosas se fizeram grandes genocídios nas sociedades ocidentais, e no Brasil com os índios, e ultimamente as barbaridades ditas pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).

É importante que se diga que é o princípio do Estado laico que possibilita o respeito à liberdade religiosa, a pluralidade de convicções, retirando do Estado a opção por uma única denominação religiosa. É um debate que vem desde alguns séculos atrás, quando conseguiu-se, mediante a morte de centenas de milhares de lutadores, a separação entre o poder político e o poder religioso.

Se por um lado esta vitória começa desde a revolução francesa, ainda que culminando em uma revolução burguesa, chegamos ao século XXI com uma enorme divida entre o que deveria ser um Estado laico e o projeto mal sucedido que realizamos.

Se considerarmos a baixaria religiosa nos níveis em que se travou o segundo turno da disputa presidencial de 2010, ou o peso das candidaturas cuja base ou curral eleitoral venham a ser as Igrejas, notadamente as evangélicas, perceberemos o quão tênues é a separação entre o poder público e o poder religioso no Brasil.

Sem o ode ao trabalho presente na sociologia weberiana, verificamos que o número de feriados de carater religioso no Brasil atinge números impressionantes.

Em Belém o prolongamento da avenida Independência ajudou sobremaneira a escorrer o tráfego de automóveis da região da Augusto Montenegro e Cidade Nova, na região metropolitana. O nome da nova avenida chamou-se Dalcidio Jurandir, romancista paraense de reconhecimento e prestigio inquestionavel. A deferência foi importantíssima pra instigar nossos jovens a conhecer um pouco mais da nossa literatura, da nossa cultura.

Mas fui surpreendido quando anunciado pelos jornais o nome da avenida passaria a chamar-se Centenário da Assembleia de Deus, em referencia e homenagem aos cem anos desta denominação que tem origem em Belém. A aprovação foi feita na última semana na Câmara Municipal.

Estamos falando da Assembleia de Deus que segundo circula à boca miúda barganhou espaços políticos no governo Ana Júlia Carepa em troca de apoio politico à sua reeleição e à candidatura de Cláudio Puty. Estamos de uma igreja que pode ser uma máquina de fazer votos. Uma justa homenagem?

Alguns mortos de vez em quando recebem homenagens. Deveríamos qualquer dia homenagear o Estado laico, que morreu sem nem ter nascido plenamente, celebrar qualquer dia desses a volta dos que não foram com a religiosidade do Estado, enfim...Afinal vamos celebrar tudo...Como Renato Russo já dizia "vamos celebrar a estupidez humana, do meu país e sua corja de assassinos, covardes, estupradores e ladrões...Vamos celebrar a aberração de nossa toda falta de bom senso".

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