Um canal de debates sobre universidade pública, politicas educacionais, fatos e acontecimentos na UFPA.
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sábado, 29 de maio de 2010
De qual PM estamos falando?
Esta semana ocorrerá a audiência pública dos estudantes da Universidade Federal do Pará com o reitor Carlos Maneschy sobre a segurança na universidade, depois do ato das velas com mais de 120 de estudantes, organizado pelo Diretorio Central dos Estudantes.
O fato novo e que deve ser o mais polêmico é a entrada ou não da Policia Militar na Cidade Universitaria. Esta semana um estudante foi preso dentro do campus, além de humilhado pela polícia militar da governadora Ana Júlia Carepa.
Esta atitude da Polícia Militar já foi contundente pra demonstrar seu excesso.
É preciso pontuar algumas coisas no debate de quarta no Centro de Convenções, e a primeira é a tradição de autoritarismo, exagero, excessos e repressão que caracteriza a Policia.
Estamos falando da mesma Policia que fez a operação contra a violência na Terra Firme no dia em que prenderam o estudante, e que no outro dia era denunciada na Corregedoria por vários excessos, pra usar um eufemismo.
Estamos falando da Policia Militar que no Pará repreende um sem número de manifestações, se alguém quiser esclarecimentos é só procurar os companheiros do MST, MAB, do Comitê Xingu Vivo, dos professores da rede pública, dos companheiros do movimento popular que por vezes tem que fechar ruas para serem vistos pela sociedade.
Qual a garantia que temos que uma vez autorizada a entrada da PM no campus, nós, estudantes, em qualquer simples manifestação, não seremos reprimidos? Será que vamos ver reproduzidas na UFPA a triste cena que vimos pela televisão da cavalaria de Arruda reprimindo estudantes que lutavam contra corrupção? Será que se for preciso ocupar a reitoria a PM não vai intervir?
Estamos falando de um Policia Militar que é mal preparada, que bate em muitos jovens, matando-os muitas vezes, e que no outro dia jornais dizem "foi acerto de contas com o tráfico".
Estamos falando da Policia Militar que não consegue com o seu efetivo policial garantir níveis mínimos de segurança na Terra Firme e no Guama, e qual a garantia que resolverá o problema da segurança na Cidade Universitaria?
Precisamos da Policia Militar sim, mas precisamos deles no Terminal de onibus, principalmente a noite, precisamos deles quando vamos pros outros portões, precisamos deles quando passamos de carro e somos assaltados na Perimetral em plena luz do dia. Precisamos da PM, mas creio que precisamos deles mais la fora do que dentro do campus.
Por ultimo fica a pergunta: será que a Policia Militar vai resolver o problema da segurança na universidade, ou será mais uma evasao para nao enfrentarmos os reais problemas?
Esta é uma questão que precisa ser muito bem debatida, e que há de se usar a experiência da sociedade paraense para definir os rumos da UFPA nos próximos anos.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Eleições no IFCH
Acho que apesar das contradições e dos problemas na elaboração da prova do vestibular João Marcio será mesmo o diretor do IFCH. Informações dão conta de que algumas lideranças o reconhecem como o legitimo diretor, e prometem nao dar tregua em sua gestao.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
PM no campus agride e prende estudante na UFPA
Esta semana ao ler os jornais fiquei sabendo que o reitor da UFPA, Carlos Maneschy, estaria se reunindo com o comandante geral da Policia Militar do Pará para discutir a entrada da Policia Militar no campus da UFPA e a realização de um convenio.
Neste momento apenas "discutia-se" a entrada da PM numa proposta da reitoria, que precisaria ser aprovada depois de amplo debate e homologada no Conselho Superior da UFPA.
Hoje quando os estudantes chegavam na Cidade Universitaria perceberam que proximo ao quarto portao haviam mais de 70 pessoas presa, numa opeação da PM para coibir a violencia na Terra Firme, um dos bairros com alto indice de criminalidade que cerca a UFPA.
Acontece que a PM resolveu sem autorização entrar no campus. Por volta de 17 horas um estudante estava na beira do Rio fumando um cigarro de maconha e foi detido e humilhado por policiais militares. Duas coisas sao importantes esclarecer, embora todos saibamos: consumo de drogas nao é mais crime neste país, apenas o tráfico é crime, e a entrada da Policia Militar so ocorre com autorização expressa da Reitoria.
Assim, na mesma hora fomos à reitoria falar com o reitor, que negou que tivesse dado autorização pra Policia Militar entrar no campus, e que apenas está discutindo um convenio para a segurança da UFPA.
Assim, encaminhamos pra quarta-feira uma audiencia pública no Centro de Convenções da UFPA às 16 horas, chamamos a todos para discurtirmos a segurança na Universidade.
Neste momento apenas "discutia-se" a entrada da PM numa proposta da reitoria, que precisaria ser aprovada depois de amplo debate e homologada no Conselho Superior da UFPA.
Hoje quando os estudantes chegavam na Cidade Universitaria perceberam que proximo ao quarto portao haviam mais de 70 pessoas presa, numa opeação da PM para coibir a violencia na Terra Firme, um dos bairros com alto indice de criminalidade que cerca a UFPA.
Acontece que a PM resolveu sem autorização entrar no campus. Por volta de 17 horas um estudante estava na beira do Rio fumando um cigarro de maconha e foi detido e humilhado por policiais militares. Duas coisas sao importantes esclarecer, embora todos saibamos: consumo de drogas nao é mais crime neste país, apenas o tráfico é crime, e a entrada da Policia Militar so ocorre com autorização expressa da Reitoria.
Assim, na mesma hora fomos à reitoria falar com o reitor, que negou que tivesse dado autorização pra Policia Militar entrar no campus, e que apenas está discutindo um convenio para a segurança da UFPA.
Assim, encaminhamos pra quarta-feira uma audiencia pública no Centro de Convenções da UFPA às 16 horas, chamamos a todos para discurtirmos a segurança na Universidade.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
E Joao Marcio venceu
Ao final da noite de ontem João Marcio venceu nas urnas a eleição do IFCH numa vitoria incontestavel, nao dependendo das urnas do interior pra sair vitorioso.
Daí surgem duas questoes: qual foi a forma como os estudantes do IFCH interpretaram a questao da fraude no vestibular e se diretor eleito será realmente diretor empossado
Os proximos capitulos dessa novela prometem ser agitados. Nao esqueçamos que eleição so termina na posse, e olhem que há controversias.
Daí surgem duas questoes: qual foi a forma como os estudantes do IFCH interpretaram a questao da fraude no vestibular e se diretor eleito será realmente diretor empossado
Os proximos capitulos dessa novela prometem ser agitados. Nao esqueçamos que eleição so termina na posse, e olhem que há controversias.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Precisamos de mais Suelenes por ai
Ontem, 13 de Maio, mais de 120 estudantes da UFPA fizeram uma ato contra a falta de segurança e o abandono da universidade.
A indignação partiu com a tentativa e estupro de uma estudante no banheiro do Instituto de Letras e Comunicação - ILC, do espancamento de um estudante no Banheiro do Vadiao, do arrastão que ocorreu durante a festa no Congresso Estudantil da UFPA e varias denuncias que vem por ai.
Mais um ato fizemos, reivindicando mais iluminação, o circular funcionando e o debate de que a vida das pessoas é o maior património da universidade.
Dessa vez o fato novo no ato foi a prof. Suelene Pavão, da Faculdade de Ciências Sociais, que esteve presente nas mobilizações, chamando professores a luta em defesa da vida na Cidade Universitária. São nesses momentos que os ânimos se renovam, que a vontade de militância aumenta, pois percebemos que o apoio docente nas lutas é fundamental, em primeiro lugar porque não e uma luta isolada dos estudantes e do DCE, e sim de todos os que transitam pelo Campus, e que os mesmos professores que oram debocham de nossas lutam podem ver seus filhos assaltados ou assinados um dia, lógico que este não e um desejo, mas se não lutarmos a coisa só tende a piorar.
Como diz nossa palavra de ordem "alerta, alerta, alerta juventude, a luta é o que muda, o resto só ilude".
À prof. Suelene os meus parabéns, ah se tivéssemos mais docentes engajados e solidários as lutas estudantis...
A indignação partiu com a tentativa e estupro de uma estudante no banheiro do Instituto de Letras e Comunicação - ILC, do espancamento de um estudante no Banheiro do Vadiao, do arrastão que ocorreu durante a festa no Congresso Estudantil da UFPA e varias denuncias que vem por ai.
Mais um ato fizemos, reivindicando mais iluminação, o circular funcionando e o debate de que a vida das pessoas é o maior património da universidade.
Dessa vez o fato novo no ato foi a prof. Suelene Pavão, da Faculdade de Ciências Sociais, que esteve presente nas mobilizações, chamando professores a luta em defesa da vida na Cidade Universitária. São nesses momentos que os ânimos se renovam, que a vontade de militância aumenta, pois percebemos que o apoio docente nas lutas é fundamental, em primeiro lugar porque não e uma luta isolada dos estudantes e do DCE, e sim de todos os que transitam pelo Campus, e que os mesmos professores que oram debocham de nossas lutam podem ver seus filhos assaltados ou assinados um dia, lógico que este não e um desejo, mas se não lutarmos a coisa só tende a piorar.
Como diz nossa palavra de ordem "alerta, alerta, alerta juventude, a luta é o que muda, o resto só ilude".
À prof. Suelene os meus parabéns, ah se tivéssemos mais docentes engajados e solidários as lutas estudantis...
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Quem és tu, PSTU?
Por Edilson Silva*, em 23.04.2010
O PSTU traz extensa matéria em recente edição de seu periódico, Opinião Socialista, criticando o PSOL. Até aí nada de novo. O PSTU faz com o PSOL o que o PCO, Partido da Causa Operária, faz com o PSTU, acusando-o de reformista, contra-revolucionário e outras bobagens. Bobagens porque, afinal, os males do PSTU não são estes, mas o seu inconseqüente idealismo e sua metodologia nada científica de análise da realidade. A novidade nesta matéria é que agora o PSTU ousa decretar a falência do PSOL, culpando a sua concepção partidária, que admite tendências permanentes no seu cotidiano partidário, como responsável por esta suposta falência.
A base para a afirmação do PSTU é o resultado da recente conferência eleitoral do PSOL, que foi concluída com a indicação única do nome de Plínio de Arruda Sampaio à presidência da República. Segundo o PSTU, o PSOL saiu rachado, o que inclusive justifica a sua posição de não querer aliança com o PSOL para a Frente de Esquerda. Esta afirmação do PSTU, como muitas outras, não passa no teste elementar dos fatos e busca esconder uma tática política tão nova quanto os tratados militares de Sun Tzu.
De fato, o PSOL passou por um duro processo interno. Uma intensa discussão interna. Foram mais de 11 mil filiados reunidos em 26 estados brasileiros (algo impensável para um partido como o PSTU). Somente o Amazonas não fez plenárias municipais. Somente em São Paulo reuniram-se certamente mais filiados e ativistas que o total do PSTU em todo o Brasil. Três pré-candidatos bastante respeitáveis, três quadros experimentados, mesmo com as diferenças existentes, viajaram pelo país debatendo nas principais capitais. O PSOL foi invadido por uma intensa discussão política. Debatemos estratégia política, programa para o Brasil, caminhos para o socialismo, concepção de partido. Foram muitas divergências, muitas mesmo, mas todas elas se debatendo em como organizar melhor a nossa classe para enfrentar o capital e sua barbárie. Eu mesmo achei e continuo achando que algumas posições são bastante equivocadas, mas se assim não fosse, não haveria as divergências internas.
Infelizmente, no final do processo, ações equivocadas de parte da direção anularam delegações, gerando fortes tensionamentos. Num ato maiúsculo, os descontentes abdicaram da disputa pela indicação e decretaram que a vida continua, todos no PSOL. O meu pré-candidato internamente não foi o candidato indicado pelo partido, mas, na condição de candidato do PSOL ao governo de Pernambuco, de consenso inclusive, estou disponível para fazer a campanha do Plínio, dentro do clima de respeito que deve presidir as relações que se pretendam unitárias num partido socialista, plural e democrático. Todos os militantes do PSOL, cada um a seu tempo, cada um com sua sensibilidade, saberá dar sua contribuição para a construção de nossa estratégia eleitoral.
Isso, com certeza, não significará abstenção de diferenças. A luta interna no PSOL vai continuar, e tomara que continue, com aperfeiçoamentos no funcionamento da democracia partidária, reunindo nas disputas internas não mais “apenas” 11 mil filiados, mas 20, 30, 50 mil filiados. Queremos que se multipliquem dentro do PSOL as disputas, mostrando a pulsação e vivacidade do partido, e com elas biografias como as de Luciana Genro, Chico Alencar, Ivan Valente, Raul Marcelo, Carlos Giannazi, Marcelo Freixo, Eliomar Coelho, Fernanda Melchiona, Pedro Ruas, Ricardo Barboza, Elias Vaz, João Alfredo. Com alguns destes tenho grandes divergências, mas os quero e vou sempre trabalhar para que estejam dentro do PSOL.
Queremos que o PSOL transforme em força política real os quase 7 milhões de votos obtidos em 2006 por nossa maior liderança, Heloisa Helena, que será eleita senadora por Alagoas, convertendo-se numa das maiores vitórias da esquerda socialista brasileira nesta conjuntura eleitoral.
Queremos mais. Queremos mais e novos Osmarinos, lutadores dos povos da floresta. Queremos mais intelectuais como Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho. Queremos mais garotos da terceira idade como Milton Temer. Queremos mais líderes como João Batista, Gim Cabral e Marilda, lideranças do MTL que estão sendo criminalizados por lutarem pela terra no Triangulo Mineiro.
Queremos mais jovens organizados politicamente nas universidades e no meio popular. Queremos mais lideranças sindicais, mais Janiras; mais e mais trabalhadores do campo e da cidade, camelôs, mais flanelinhas, como aqueles organizados em Petrolina, no sertão nordestino, e que tem no PSOL seu partido. Queremos mais ousados e ousadas jovens e não tão jovens lideranças que se lançaram a disputar mais de 400 prefeituras do país em 2008, dentre estas as maiores metrópoles.
Queremos mais mulheres como Bernadete, a candidata feminista do PSOL ao governo de Tocantins em 2010. Queremos mais gente ousada como o polêmico e decidido Cinco, do Rio de Janeiro, lutador da causa da Cannabis: descriminalização, já! Queremos mais ativistas corajosos, gays, como Jean Willis, o Big Brother com consciência de classe, que se candidatará a deputado pelo Rio de Janeiro. Queremos mais artistas críticos como Marcelo Yuka, que também será candidato pelo PSOL no Rio de Janeiro agora em 2010. Queremos tudo isto e todos eles como são, pois nos interessa processar esta diversidade num debate vivo, sem o qual o PSOL jamais será um partido popular, de massas, com condições verdadeiras de tirar a estratégia socialista dos discursos de auditório e transformá-la em realidade.
É este partido, que guarda dentro de si esta força e esta diversidade, que o PSTU ousa decretar a falência. A realidade fala outra coisa. O PSOL deve estar falido, e tomara que esteja mesmo, como possibilidade de ser um partido parecido com o PSTU. Aliás, para isto militamos todos os dias. O PSOL, como fundamos, nega-se a cometer os mesmos erros do PT, mas também nega-se intransigentemente a cometer os mesmos erros do PSTU.
É importante que se saiba que o PSTU não tem tendências internas, mas tem uma fração interna dirigente permanente que não admite qualquer divergência. Alguma semelhança com a era Stalin à frente do PC na ex-URSS? É por isso que a cada congresso do PSTU um grupo interno se organiza e, pensando que há democracia, tenta discutir alguma coisa, mas é esmagado pela fração interna permanente que dirige aquele partido, saindo em seguida. O PSTU é o partido não das tendências, mas das rupturas, incontáveis. Foi isso que aconteceu em 2001, por exemplo, quando uma plenária do PSTU realizada em Recife foi anulada por que a tendência contrária à maioria do Comitê Central foi vitoriosa. Esta manobra burocrática gerou a saída de mais um grupo organizado do PSTU, o Coletivo Socialista, mais tarde convertido em Pólo de Resistência Socialista, grupo que depois viria a fundar o PSOL com uma certeza: modelo PSTU, nunca mais!
A vida política interna do PSOL tem a ver com uma concepção partidária presente já no seu nome: LIBERDADE. É esta liberdade, com a clareza de que somos uma organização política de socialistas, e que acredita que sem povo organizado não há poder popular possível, que ousamos dizer que não estamos falindo, estamos apenas começando. É esta mesma liberdade e esta concepção partidária, de conviver com diferenças, que nos faz ver mesmo no PSTU o que nos une e não aquilo que nos separa, o que nos leva a propor, de forma honesta e franca, a construção de uma Frente de Esquerda para disputar as eleições 2010, para combater a falsa polarização PT versus PSDB e as falsas alternativas que se apresentam, como Marina Silva, do PV.
* Foi fundador do PSTU em 1994. Em 2002, foi fundador do Coletivo Socialista, dissidência do PSTU, que se transformou depois no grupo regional Pólo de Resistência Socialista, que com outras forças fundou o PSOL em 2004. Atualmente é Presidente do PSOL-PE e membro da Direção Executiva Nacional do PSOL.
O PSTU traz extensa matéria em recente edição de seu periódico, Opinião Socialista, criticando o PSOL. Até aí nada de novo. O PSTU faz com o PSOL o que o PCO, Partido da Causa Operária, faz com o PSTU, acusando-o de reformista, contra-revolucionário e outras bobagens. Bobagens porque, afinal, os males do PSTU não são estes, mas o seu inconseqüente idealismo e sua metodologia nada científica de análise da realidade. A novidade nesta matéria é que agora o PSTU ousa decretar a falência do PSOL, culpando a sua concepção partidária, que admite tendências permanentes no seu cotidiano partidário, como responsável por esta suposta falência.
A base para a afirmação do PSTU é o resultado da recente conferência eleitoral do PSOL, que foi concluída com a indicação única do nome de Plínio de Arruda Sampaio à presidência da República. Segundo o PSTU, o PSOL saiu rachado, o que inclusive justifica a sua posição de não querer aliança com o PSOL para a Frente de Esquerda. Esta afirmação do PSTU, como muitas outras, não passa no teste elementar dos fatos e busca esconder uma tática política tão nova quanto os tratados militares de Sun Tzu.
De fato, o PSOL passou por um duro processo interno. Uma intensa discussão interna. Foram mais de 11 mil filiados reunidos em 26 estados brasileiros (algo impensável para um partido como o PSTU). Somente o Amazonas não fez plenárias municipais. Somente em São Paulo reuniram-se certamente mais filiados e ativistas que o total do PSTU em todo o Brasil. Três pré-candidatos bastante respeitáveis, três quadros experimentados, mesmo com as diferenças existentes, viajaram pelo país debatendo nas principais capitais. O PSOL foi invadido por uma intensa discussão política. Debatemos estratégia política, programa para o Brasil, caminhos para o socialismo, concepção de partido. Foram muitas divergências, muitas mesmo, mas todas elas se debatendo em como organizar melhor a nossa classe para enfrentar o capital e sua barbárie. Eu mesmo achei e continuo achando que algumas posições são bastante equivocadas, mas se assim não fosse, não haveria as divergências internas.
Infelizmente, no final do processo, ações equivocadas de parte da direção anularam delegações, gerando fortes tensionamentos. Num ato maiúsculo, os descontentes abdicaram da disputa pela indicação e decretaram que a vida continua, todos no PSOL. O meu pré-candidato internamente não foi o candidato indicado pelo partido, mas, na condição de candidato do PSOL ao governo de Pernambuco, de consenso inclusive, estou disponível para fazer a campanha do Plínio, dentro do clima de respeito que deve presidir as relações que se pretendam unitárias num partido socialista, plural e democrático. Todos os militantes do PSOL, cada um a seu tempo, cada um com sua sensibilidade, saberá dar sua contribuição para a construção de nossa estratégia eleitoral.
Isso, com certeza, não significará abstenção de diferenças. A luta interna no PSOL vai continuar, e tomara que continue, com aperfeiçoamentos no funcionamento da democracia partidária, reunindo nas disputas internas não mais “apenas” 11 mil filiados, mas 20, 30, 50 mil filiados. Queremos que se multipliquem dentro do PSOL as disputas, mostrando a pulsação e vivacidade do partido, e com elas biografias como as de Luciana Genro, Chico Alencar, Ivan Valente, Raul Marcelo, Carlos Giannazi, Marcelo Freixo, Eliomar Coelho, Fernanda Melchiona, Pedro Ruas, Ricardo Barboza, Elias Vaz, João Alfredo. Com alguns destes tenho grandes divergências, mas os quero e vou sempre trabalhar para que estejam dentro do PSOL.
Queremos que o PSOL transforme em força política real os quase 7 milhões de votos obtidos em 2006 por nossa maior liderança, Heloisa Helena, que será eleita senadora por Alagoas, convertendo-se numa das maiores vitórias da esquerda socialista brasileira nesta conjuntura eleitoral.
Queremos mais. Queremos mais e novos Osmarinos, lutadores dos povos da floresta. Queremos mais intelectuais como Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho. Queremos mais garotos da terceira idade como Milton Temer. Queremos mais líderes como João Batista, Gim Cabral e Marilda, lideranças do MTL que estão sendo criminalizados por lutarem pela terra no Triangulo Mineiro.
Queremos mais jovens organizados politicamente nas universidades e no meio popular. Queremos mais lideranças sindicais, mais Janiras; mais e mais trabalhadores do campo e da cidade, camelôs, mais flanelinhas, como aqueles organizados em Petrolina, no sertão nordestino, e que tem no PSOL seu partido. Queremos mais ousados e ousadas jovens e não tão jovens lideranças que se lançaram a disputar mais de 400 prefeituras do país em 2008, dentre estas as maiores metrópoles.
Queremos mais mulheres como Bernadete, a candidata feminista do PSOL ao governo de Tocantins em 2010. Queremos mais gente ousada como o polêmico e decidido Cinco, do Rio de Janeiro, lutador da causa da Cannabis: descriminalização, já! Queremos mais ativistas corajosos, gays, como Jean Willis, o Big Brother com consciência de classe, que se candidatará a deputado pelo Rio de Janeiro. Queremos mais artistas críticos como Marcelo Yuka, que também será candidato pelo PSOL no Rio de Janeiro agora em 2010. Queremos tudo isto e todos eles como são, pois nos interessa processar esta diversidade num debate vivo, sem o qual o PSOL jamais será um partido popular, de massas, com condições verdadeiras de tirar a estratégia socialista dos discursos de auditório e transformá-la em realidade.
É este partido, que guarda dentro de si esta força e esta diversidade, que o PSTU ousa decretar a falência. A realidade fala outra coisa. O PSOL deve estar falido, e tomara que esteja mesmo, como possibilidade de ser um partido parecido com o PSTU. Aliás, para isto militamos todos os dias. O PSOL, como fundamos, nega-se a cometer os mesmos erros do PT, mas também nega-se intransigentemente a cometer os mesmos erros do PSTU.
É importante que se saiba que o PSTU não tem tendências internas, mas tem uma fração interna dirigente permanente que não admite qualquer divergência. Alguma semelhança com a era Stalin à frente do PC na ex-URSS? É por isso que a cada congresso do PSTU um grupo interno se organiza e, pensando que há democracia, tenta discutir alguma coisa, mas é esmagado pela fração interna permanente que dirige aquele partido, saindo em seguida. O PSTU é o partido não das tendências, mas das rupturas, incontáveis. Foi isso que aconteceu em 2001, por exemplo, quando uma plenária do PSTU realizada em Recife foi anulada por que a tendência contrária à maioria do Comitê Central foi vitoriosa. Esta manobra burocrática gerou a saída de mais um grupo organizado do PSTU, o Coletivo Socialista, mais tarde convertido em Pólo de Resistência Socialista, grupo que depois viria a fundar o PSOL com uma certeza: modelo PSTU, nunca mais!
A vida política interna do PSOL tem a ver com uma concepção partidária presente já no seu nome: LIBERDADE. É esta liberdade, com a clareza de que somos uma organização política de socialistas, e que acredita que sem povo organizado não há poder popular possível, que ousamos dizer que não estamos falindo, estamos apenas começando. É esta mesma liberdade e esta concepção partidária, de conviver com diferenças, que nos faz ver mesmo no PSTU o que nos une e não aquilo que nos separa, o que nos leva a propor, de forma honesta e franca, a construção de uma Frente de Esquerda para disputar as eleições 2010, para combater a falsa polarização PT versus PSDB e as falsas alternativas que se apresentam, como Marina Silva, do PV.
* Foi fundador do PSTU em 1994. Em 2002, foi fundador do Coletivo Socialista, dissidência do PSTU, que se transformou depois no grupo regional Pólo de Resistência Socialista, que com outras forças fundou o PSOL em 2004. Atualmente é Presidente do PSOL-PE e membro da Direção Executiva Nacional do PSOL.
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