Um canal de debates sobre universidade pública, politicas educacionais, fatos e acontecimentos na UFPA.
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quarta-feira, 24 de março de 2010
Grades resolvem o problema da violencia na UFPA?
Na última segunda-feira 22 de março, realizou-se o Conselho de Entidades de Base , pra quem nao sabe é um Conselho de Centros Academicos, segunda instancia maior de deliberação do movimento estudantil da UFPA, atrás apenas do Congresso Estudantil.
Aprovou-se uma campanha pela base de imediata abertura do Restaurante Universitario, mas o que mais chamou atenção foi o debate da regulamentação das atividades culturais no espaço conhecido como Vadiao.
A violencia é um imperativo na cidade universitaria. Todas as noites os estudantes sao obrigados a sair em grupo, com medo de serem assaltados. Esta tragedia anunciada quase virou fato no ano passado, quando a professora Lilian Brito, da ADUFPA, sofreu uma tentativa de estupro nos altos do Vadiao.
A solução pra este problema todos sabemos: contratação de mais seguranças, iluminação, circular rodando. Mas na contramão disso, e de forma comica, pra nao dizer tragica, a Reitoria da UFPA, à frente o Prof. Maneschy, apresentou proposta para resolver a segurança que falta nesses espaços: colocar grades no Vadiao durante as festas.
O que mais nos falta é o efetivo de segurança. O prof Maneschy saiu vitorioso na eleição com o slogan "é pra fazer melhor", mas até agora nao se viu aumentar segurança, o Circular é pouco, o campus está em muitos lugares um breu e a reitoria propoe que se coloque grade nas festas. E o caminho entre o Vadiao e os terminais de onibus? terao grades também? E nos dias que nao tem festa? O que se fazer?
Também me surpreendeu que seis Centros Academicos tenham votado na proposta da reitoria. Quando a farinha é pouca parece que o primeiro pirao é o meu.
terça-feira, 16 de março de 2010
IFCH e os alojamentos
Estamos organizando o Encontro Nacional dos Estudantes de Ciencias Sociais, a direção do IFCH que vinha se posicionando contra os alojamentos nas salas de aula, as vesperas da eleição adota um discurso mais flexivel, se colocam favoraveis desde que se pague a quantia infima de 7 mil reais de deposito para eventuais prejuizos.
Se posicionam favoraveis, mas jogam a responsabilidade pra Congregação. Teremos panos pras mangas nos proximos dias
Se posicionam favoraveis, mas jogam a responsabilidade pra Congregação. Teremos panos pras mangas nos proximos dias
Impasse no ICED
No Instituto de Ciencias da Educacao na UFPA, o bloco governista derrotado nas urnas e em todas as categorias (estudantes, tecnicos,docentes) pela professora Ana Tancredi, na graduação e na pos graduação, tenta dar um golpe e vencer a eleição no Programa de Pos Graduação em Educacao, tentando eleger o professor Ronaldo Lima, vamos ver onde isso vai dar.
quinta-feira, 4 de março de 2010
Novo ENEM na UFPA
Já começaram e estão bem adiantadas discussões por dentro do comando da universidade para aderir ao ENEM, diante de toda a polémica que envolveu as possíveis fraudes e violações no ultimo vestibular.
A opção pelo ENEM traduz o alinhamento à politica do Governo Federal, que depois de oito anos de mentiras e ilusões, de desmanche, ataque e precarização das universidades públicas, aparece com um modelo de acesso que não contempla a bandeira histórica dos movimentos em defesa da educação: mais vagas e expansão com qualidade.
Nao vamos nos esquecer que o proprio ENEM foi igual ao PSS: cancelado por fraudes. O argumento etico cai por terra.
O movimento estudantil de luta, docente e técnico com certeza dará respostas a altura.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Belo Monte: a volta triunfante da ditadura militar?
Por Leonardo Boff, teólogo, representante e co-redator da Carta da Terra.
O governo Lula possui méritos inegáveis na questão social*. Mas na questão ambiental é de uma inconsciência e de um atraso palmar. Ao analisar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) temos a impressão de sermos devolvidos ao século XIX.
É a mesma mentalidade que vê a natureza como mera reserva de recursos, base para alavancar projetos faraônicos, levados avante a ferro e fogo, dentro de um modelo de crescimento ultrapassado que favorece as grandes empresas à custa da depredação da natureza e da criação de muita pobreza.
Este modelo está sendo questionado no mundo inteiro por desestabilizar o planeta Terra como um todo e mesmo assim é assumido pelo PAC sem qualquer escrúpulo. A discussão com as populações afetadas e com a sociedade foi pífia. Impera a lógica autoritária; primeiro decide-se depois se convoca a audiência pública. Pois é exatamente isto que está ocorrendo com o projeto da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, estado do Pará.
Tudo está sendo levado aos trambolhões, atropelando processos, ocultando o importante parecer 114/09 de dezembro de 2009, emitido pelo IBAMA (órgão que cuida das questões ambientais), contrário à construção da usina, e a opinião da maioria dos ambientalistas nacionais e internacionais que dizem ser este projeto um grave equívoco com conseqüências ambientais imprevisíveis.
O Ministério Público Federal que encaminhou processos de embargo, eventualmente levando a questão a foros internacionais, sofreu coação da Advocacia Geral da União (AGU), com o apoio público do presidente, de processar os procuradores e promotores destas ações por abuso de poder.
Esse projeto vem da ditadura militar dos anos 70. Sob pressão dos indígenas apoiados pelo cantor Sting em parceria com o cacique Raoni foi engavetado em 1989. Agora, com a licença prévia concedida no dia 1º de fevereiro, o projeto da ditadura pôde voltar triunfalmente, apresentado pelo governo como a maior obra do PAC.
Neste projeto tudo é megalômano: inundação de 51.600 hectares de floresta, com um espelho d’água de 516 km², desvio do rio com a construção de dois canais de 500m de largura e 30 km de comprimento, deixando 100 km de leito seco, submergindo a parte mais bela do Xingu, a Volta Grande e um terço de Altamira, com um custo entre 17 e 30 bilhões de reais, desalojando cerca de 20 mil pessoas e atraindo para as obras cerca de 80 mil trabalhadores para produzir 11.233 MW de energia no tempo das cheias (4 meses) e somente 4 mil MW no resto do ano, para, por fim, transportá-la até 5 mil km de distância.
Esse gigantismo, típico de mentes tecnocráticas, beira a insensatez, pois, dada a crise ambiental global, todos recomendam obras menores, valorizando matrizes energéticas alternativas, baseadas na água, no vento, no sol e na biomassa. E tudo isso nós temos em abundância. Considerando as opiniões dos especialistas podemos dizer: a usina hidrelétrica de Monte Belo é tecnicamente desaconselhável, exageradamente cara, ecologicamente desastrosa, socialmente perversa, perturbadora da floresta amazônica e uma grave agressão ao sistema-Terra.
Este projeto se caracteriza pelo desrespeito às dezenas de etnias indígenas que lá vivem há milhares de anos e que sequer foram ouvidas; desrespeito à floresta amazônica cuja vocação não é produzir energia elétrica mas bens e serviços naturais de grande valor econômico; desrespeito aos técnicos do IBAMA e a outras autoridades científicas contrárias a esse empreendimento; desrespeito à consciência ecológica que devido às ameaças que pesam sobre o sistema da vida pedem extremo cuidado com as florestas; desrespeito ao Bem Comum da Terra e da Humanidade, a nova centralidade das políticas mundiais.
Se houvesse um Tribunal Mundial de Crimes contra a Terra, como está sendo projetado por um grupo altamente qualificado que estuda a reinvenção da ONU sob a coordenação de Miguel d’Escoto, ex-presidente da Assembléia (2008-2009), seguramente os promotores da hidrelétrica de Belo Monte estariam na mira deste tribunal.
Ainda há tempo de frear a construção desta monstruosidade, porque há alternativas melhores. Não queremos que se realizem as palavras do bispo Dom Erwin Kräutler, defensor dos indígenas e contra Belo Monte: "Lula entrará na história como o grande depredador da Amazônia e o coveiro dos povos indígenas e ribeirinhos do Xingu".
Do blog Xingu Vivo para Sempre
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